Citricultores de Sergipe driblam crise e alavancam produção

10/09/2009

Após passar por sucessivas crises e defasagem no preço da laranja, os citricultores de Sergipe agora, já tem motivos para comemorar

Por Simônica Capistrano

Após passar por sucessivas crises relacionadas às pragas e a defasagem no preço da laranja, os citricultores da região centro-sul de Sergipe agora, já tem motivos para comemorar. Uma iniciativa do governo federal, através da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab BA/SE) volta a encher de esperança os agricultores familiares que vivem da cultura da laranja.

Em uma visita aos municípios precursores do projeto, Santa Luzia do Itanhy e Boquim/SE, é visível a transformação proporcionada pelo Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). Além de comprar dos citricultores um valor expressivo da sua produção (3.500 kg/produtor) a preços mais altos do que os praticados pelo mercado,

transformar a fruta em suco para consumo e doá-los para entidades e famílias que necessitam de alimentos, o Programa tem como principal objetivo gerar renda no campo e amenizar a fome daqueles que vivem em situação de insegurança alimentar e nutricional.

Este ano, a ação ganhou um impulso ainda maior com o lançamento, em maio, do Programa “Suco da Terra, Laranja da Gente”, fruto de uma parceria com a Conab, o governo do estado, a secretaria de aquicultura de Santa Luzia do Itanhy e da Agricultura de Boquim, órgãos responsáveis pela disseminação do programa, que está

 

 

distribuindo 360 mil litros de suco de laranja para a população carente e estudantes da rede municipal de ensino de 18 municípios sergipanos, contemplando cerca de 32 mil pessoas. O valor da proposta da Conab BA/SE chegou a aproximadamente R$ 560 mil. A novidade é que agora, a produção terá um destino comercial. Grandes empresas do varejo pretendem colocar nas prateleiras o suco produzido pela agricultura familiar.

CONAB

Para Jadson Costa Santos (Secretário de Agricultura de Boquim) e Daniel Amor (Secretário de Aquicultura de Santa Luzia do Itanhy), a Conab tem contribuído efetivamente

para que a crise não se agrave. “A Companhia foi a única instituição que apoiou uma iniciativa concreta em relação à citricultura. A laranja é a segunda cultura mais importante da economia do Estado. São mais de 1.200 famílias que vivem da plantação, colheita e comercialização da fruta”, destacaram.

De acordo com a superintendente regional Rose Pondé, “a medida visa amenizar os efeitos da crise mundial que afetaram os citricultores locais, assim como garantir a comercialização do excedente do produto”. E foi o que aconteceu. Hoje, os citricultores que não acreditavam no programa, procuram diariamente a Secretaria de Agricultura de Boquim para tirar dúvidas e saber do que precisam para participar.

A produtora Maria Santos Passos, de 70 anos, foi uma delas. “Tenho algumas tarefas de laranja no povoado da Pimenteira, em Boquim, e quero muito participar do projeto”, disse ao secretário Jadson Costa, um dos responsáveis pela disseminação do programa na região.

Para ele este é um avanço importante do órgão municipal. “Nunca fomos tão procurados pelos agricultores. Somos responsáveis por coordenar e orientar as associações na elaboração de propostas, ajudando na execução dos trabalhos. A secretaria faz reuniões periódicas para falar dos projetos e sobre o PAA”, conta orgulhoso.

Para participar do projeto da Conab, os agricultores devem ter a Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP), que contém o tamanho do espaço destinado à produção, dados pessoais e sócio-econômicos. A DAP é emitida, em Sergipe, pela Empresa de Desenvolvimento Agropecuário (Emdagro), responsável por conferir os dados declarados na DAP.

OPERACIONALIZAÇÃO

O PAA está sendo ampliado no Centro-Sul de Sergipe. Os municípios de Boquim e Santa Luzia do Itanhy já encaminharam à Companhia mais quatro propostas, que vão beneficiar mais de 1.300 famílias sergipanas. Um investimento de aproximadamente cinco milhões de reais. Cada produtor pode comercializar até 3.500 Kg da fruta e o valor praticado pela Companhia chega até R$ 400/tonelada. Com a crise, esses municípios já chegaram a vender a sua produção por até R$ 60/tonelada a atravessadores, desvalorizando o preço da laranja.


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Deris Araujo

 

 

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