A crise e a agricultura

16/09/2009

Segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, a crise ficou para trás. Para quem a crise passou? Os setores do agronegócio, como produtores de cana, cuja maioria das usinas de açúcar e álcool está em recuperação judicial, apresentando plano com proposta de pagamento com deságio de 50% e prazo de mais de dez anos para saldar as dívidas, há mais de um ano sem pagar aos produtores, que estão à beira da falência, não estão em crise? E os pecuaristas, que estão sem receber dos frigoríficos, que também pediram recuperação judicial, isso não é crise? E os citricultores, que, além das pragas nos pomares - tendo de erradicá-las -, estão deixando de colher os frutos, pois os preços pagos pelas indústrias de suco não cobrem os custos? É verdade, essas empresas estão saindo da crise ou já saíram, mas à custa dos produtores rurais, que estão falindo. Nos setores automobilístico e de construção civil, beneficiados com redução do IPI pelo governo, a crise está sendo superada. Para os bancos brasileiros não há crise, seus lucros são sempre grandes, com ou sem crise. Para o governo, portanto, a crise ficou para trás. Coitados dos produtores rurais, que sempre deram superávit ao governo e nunca foram reconhecidos!

 

Cleiton Rezende de Almeida - Araraquara