- Segunda-Feira 29 de Abril de 2024
  acesse abaixo +
   Notícias +


Guinada do mercado estrangula cooperativas

31/10/2008

A pen?ria financeira vivida pelos produtores cooperados, que sofrem a escassez de cr?dito rural desde o in?cio da atual safra, em junho, deixou as cooperativas sem alternativas para obter novos empr?stimos em tempos de baixa liquidez. A maior parte dos investimentos de 2008, estimados em R$ 12 bilh?es no in?cio deste ano, ser? adiada para 2009.

A situa??o tende a piorar em caso de redu??o na demanda mundial por alimentos em pa?ses em desenvolvimento, como China e ?ndia, ou na hip?tese de desvaloriza??o acentuada do d?lar ante o real. 'Os investimentos v?o parar. V?nhamos numa recupera??o boa, mas seremos afetados pela crise', diz ao Valor o presidente da Organiza??o das Cooperativas de S?o Paulo (Ocesp), Edivaldo Del Grande, durante feira da Alian?a Cooperativa Internacional (ACI), em Portugal. 'As cooperativas s?o um colch?o para os produtores e, mesmo mais s?lidas pelo aprendizado de crises anteriores, ainda sofrem com falta de cr?dito', afirmou ele.

Embora com financiamento j? aprovado pelo BNDES, a catarinense Coopercentral Aurora, que re?ne 17 cooperativas da regi?o oeste do Estado, suspendeu a constru??o de uma nova unidade de R$ 300 milh?es para abater 300 mil frangos por dia em Canoinhas (SC). 'Vamos concluir a f?brica de l?cteos, mas estamos com medo da repercuss?o dessa crise', afirma o vice-presidente da controladora Cooperalfa, Dilvo Casagranda. 'Os estoques est?o elevados, a margem de lucro vai cair e o faturamento deve ficar igual a 2007', diz ele.

A paulista Coacavo, de Votuporanga, tamb?m adiou para o pr?ximo ano a amplia??o de R$ 2,5 milh?es na f?brica de ra?es e suspendeu projeto de R$ 70 milh?es, em parceria com usinas sucroalcooleiras e Ferroban, que previa a constru??o de um ramal ferrovi?rio, moega e silos para armazenagem de ?lcool e a?car. 'Agora, ? p? no freio, projeto na gaveta e muita cautela', afirma o diretor comercial Osvaldo Carvalho. A cooperativa estima recuo de 25% no faturamento porque os 2,7 mil produtores associados deixaram de comprar fertilizantes para reduzir os custos de produ??o.

O cen?rio poderia ser diferente se as cooperativas nacionais tivessem adotado exemplos do pr?prio cooperativismo. ? falta de um grande banco cooperativo, como o holand?s Rabobank ou o franc?s Cr?dit Agricole, e de iniciativas para ganhar espa?o nos segmentos de insumos e de distribui??o, ? grande a depend?ncia dos recursos das exigibilidades banc?rias, parcialmente subsidiados pelo Tesouro e cada vez mais escassos e disputados no mercado.

Bra?o financeiro das cooperativas e s?timo maior banco de Portugal, o Cr?dito Agr?cola negocia com a Organiza??o das Cooperativas Brasileiras (OCB) uma consultoria na tentativa de unificar o sistema de cr?dito brasileiro, hoje dividido entre os concorrentes Bancoob e Bansicredi.

'Precisamos de uma a??o forte no cr?dito rural e ningu?m melhor do que as cooperativas para atender a isso', afirma o presidente da OCB, M?rcio Lopes de Freitas. Um avan?o do sistema brasileiro poderia alavancar as empresas do setor. O Cr?dito Agr?cola d? uma pista: gerencia, em parceria com o governo portugu?s, um fundo de 'private equity' de 15 milh?es de euros para financiar participa?es acion?rias em empresas de capital fechado. 'O cooperativismo tem cultura de longo prazo e resili?ncia a oferecer. Mas ? preciso sofisticar servi?os e produtos', diz o presidente da CA Consult, Jorge Paulo Bai?o.

Al?m da sofistica??o no cr?dito, o cooperativismo precisa formar e renovar lideran?as. 'O Sescoop j? jogou papel importante, mas estamos fragilizados nisso', admite Del Grande, da Ocesp. H? casos em que dirigentes comandam com m?o-de-ferro, e desde o nascimento, sociedades l?deres na ?rea.

Igualmente necess?rio ser? avan?ar na ponta do fornecimento de insumos. Para isso, a cooperativa indiana IFCCO ? um exemplo. Produz 3,7 milh?es de toneladas de adubos com joint ventures e f?bricas pr?prias. Tem como clientes 38 mil cooperativas associadas na ?sia, ?frica e Oriente M?dio - em 1967, eram apenas 57 afiliadas.

Em ?pocas de dificuldades para comprar esses insumos, j? que 70% s?o importados, esse tipo de cooperativismo poderia solucionar o problema. 'As cooperativas devem considerar os riscos, mas h? muitas oportunidades para mudar os mercados e inovar com efici?ncia. S? nos falta capital para criar valor ao consumidor', diz o presidente da ACI, o italiano Ivano Barberini.

Embora tenham dificuldades estruturais, as cooperativas brasileiras apostam na 'confian?a m?tua' com seus produtores associados como principal 'lastro' para superar a atual crise financeira. 'A quest?o central hoje ? a crise de confian?a, um elo que n?o se estabelece no mercado', diz o presidente da Cooxup?, Carlos Paulino.

Ele lembra que sua sociedade conta com 83% de agricultores familiares, com produ??o de at? 500 sacas de caf?. 'Eles dependem de n?s e vice-versa. Por isso, a cooperativa tem o ant?doto contra a crise'. Ex-dirigente da hist?rica Cooperativa Agr?cola de Cotia (que quebrou h? mais de dez anos) e atual diretor da ACI, Am?rico Utumi ? um entusiasmado defensor da alternativa cooperativista. 'Aqui, o produtor sabe que tem garantia de cr?dito e rentabilidade'. Para ele, ainda que uma cooperativa de cr?dito cobre as mesmas taxas de juros de um banco privado, sempre haver? o benef?cio ao produtor de estabelecer um 'benchmark' para suas opera?es.


Press?o por apoio oficial cresce com as incertezas

Mesmo com fundamentos praticamente inalterados at? aqui, com demanda mundial de alimentos ainda em alta, al?m de oferta e estoques apertados, o cen?rio influenciado pelo terremoto financeiro global exigir? forte interven??o do governo federal para garantir um 2009 sem sobressaltos.

As cooperativas defendem medidas para assegurar a renda de seus produtores associados, como a cria??o de uma linha de cr?dito de R$ 1 bilh?o para capitaliza??o do segmento agropecu?rio por meio das chamadas 'cotas-parte' dos produtores e a inje??o de US$ 1 bilh?o para irrigar as exporta?es via leil?es espec?ficos de Adiantamento de Contrato de C?mbio (ACC). O Conselho Monet?rio Nacional (CMN) analisa o pedido.

Bastante influente no setor e ainda conselheiro do presidente Lula na ?rea, o ex-ministro Roberto Rodrigues acredita que o agroneg?cio brasileiro tem uma 'oportunidade rar?ssima' para ocupar espa?os em mercados at? agora fechados e defende um tratamento de choque para a 'guerra' contra a crise. 'N?o sou intervencionista, mas agora ? guerra. Se n?o tivermos pol?ticas p?blicas como escudo, o soldado vai morrer', diz. Para ele, o governo deve promover 'imediatamente' um rec?lculo dos pre?os m?nimos e elevar os recursos para os instrumentos de pol?tica agr?cola, como compras diretas (AGF e LEC), carregamento da safra (EGF, PEP, Pepro e Prop) e financiamento via mercado (CDCA e LCA).

'Com isso, o governo d? sinal de hedge ao produtor, evita aventuras nesta safra e incentiva bancos a entrar no jogo para liberar cr?dito', diz. 'Se fizer, garante estabilidade e boa safra em 2010'.

As cooperativas trabalham com um cen?rio de redu??o da produ??o em pa?ses ricos e manuten??o do consumo nos emergentes, mas desconfiam dos movimentos da China, o grande comprador do setor. 'Temos que ficar de olho neles. Para onde eles forem, outros tamb?m devem ir', diz o presidente da OCB, M?rcio Lopes de Freitas. (MZ)

*O jornalista viajou a convite da Ocesp.

Mauro Zanatta

Fonte: Valor Econ?mico


<<Voltar << Anterior


Indique esta notícia
Seu nome:
Seu e-mail:
Nome Amigo:
E-mail Amigo:
 
  publicidade +
" target="_blank" rel="noopener noreferrer">
 

Associtrus - Todos os direitos reservados ©2023

Desenvolvido pela Williarts Internet
Acessos do dia: 467
Total: 3.925.345
rajatoto rajatoto2 rajatoto3 rajatoto4 https://bakeryrahmat.com/ https://serverluarvip.com/ https://pn-kuningan.go.id/gacor898/ https://pn-bangko.go.id/sipp/pgsoft/ https://sejarah.undip.ac.id/lama/wp-content/uploads/