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Algo fazemos mal!

20/07/2009

Palavras do Presidente Oscar Arias da Costa Rica na C?pula das Am?ricas em Trinidad e Tobago, 18 de abril de 2009

"Tenho a impress?o de que cada vez que os pa?ses caribenhos e
latino se re?nem com o presidente dos Estados Unidos da Am?rica,
? para pedir-lhe coisas ou para reclamar coisas. Quase sempre, ? para
culpar os Estados Unidos de nossos males passados, presentes e futuros. N?o
creio que isso seja de todo justo.

N?o podemos esquecer que a Am?rica Latina teve universidades antes de que
os Estados Unidos criassem Harvard e William & Mary, que s?o as primeiras
universidades desse pa?s. N?o podemos esquecer que nesse continente, como
no mundo inteiro, pelo menos at? 1750 todos os americanos eram mais ou
menos iguais: todos eram pobres.

Ao aparecer a Revolu??o Industrial na Inglaterra, outros pa?ses sobem nesse
vag?o: Alemanha, Fran?a, Estados Unidos, Canad?, Austr?lia, Nova Zel?ndia e
aqui a Revolu??o Industrial passou pela Am?rica Latina como um cometa, e
n?o nos demos conta. Certamente perdemos a oportunidade.

H? tamb?m uma diferen?a muito grande. Lendo a hist?ria da Am?rica Latina,
comparada com a hist?ria dos Estados Unidos, compreende-se que a Am?rica
Latina n?o teve um John Winthrop espanhol, nem portugu?s, que viesse com a
B?blia em sua m?o disposto a construir uma cidade sobre uma colina, uma
cidade que brilhasse, como foi a pretens?o dos peregrinos que chegaram aos
Estados Unidos.

Faz 50 anos, o M?xico era mais rico que Portugal. Em 1950, um pa?s como o
Brasil tinha uma renda per capita mais elevada que a da Cor?ia do Sul. Faz
60 anos, Honduras tinha mais riqueza per capita que Cingapura, e hoje
Cingapura em quest?o de 35 a 40 anos ? um pa?s com $40.000 de renda anual
por  habitante. Bem, algo n?s fizemos mal, os latinoamericanos.

Que fizemos errado? Nem posso enumerar todas as coisas que fizemos mal.
Para come?ar, temos uma escolaridade de 7 anos. Essa ? a escolaridade m?dia
da Am?rica Latina e n?o ? o caso da maioria dos pa?ses asi?ticos.
Certamente n?o ? o caso de pa?ses como Estados Unidos e Canad?, com a
melhor educa??o do mundo, similar a dos europeus. De cada 10 estudantes que
ingressam no n?vel secund?rio na Am?rica Latina, em alguns pa?ses, s? um
termina esse n?vel secund?rio. H? pa?ses que t?m uma mortalidade infantil
de 50 crian?as por cada mil, quando a m?dia nos pa?ses asi?ticos mais
avan?ados ? de 8, 9 ou 10.

N?s temos pa?ses onde a carga tribut?ria ? de 12% do produto interno bruto
e n?o ? responsabilidade de ningu?m, exceto nossa, que n?o cobremos
dinheiro das pessoas mais ricas dos nossos pa?ses.  Ningu?m tem a culpa
disso, a n?o ser n?s mesmos.

Em 1950, cada cidad?o norte era quatro vezes mais rico que um
cidad?o latinoamericano. Hoje em dia, um cidad?o norteamericano ? 10, 15 ou
20 vezes mais rico que um latino. Isso n?o ? culpa dos Estados
Unidos, ? culpa nossa.

No meu pronunciamento desta manh?, me referi a um fato que para mim ?
grotesco e que somente demonstra que o sistema de valores do s?culo XX, que
parece ser o que estamos pondo em pr?tica tamb?m no s?culo XXI, ? um
sistema de valores equivocado. Porque n?o pode ser que o mundo rico dedique
100.000 milh?es de d?lares para aliviar a pobreza dos 80% da popula??o do
mundo "num planeta que tem 2.500 milh?es de seres humanos com uma renda de
$2 por dia" e que gaste 13 vezes mais ($1.300.000.000.000) em armas e
soldados.

*Como disse esta manh?, n?o pode ser que a Am?rica Latina gaste $50.000
milh?es em armas e soldados. Eu me pergunto: quem ? o nosso inimigo? Nosso
inimigo, presidente Correa, desta desigualdade que o Sr. aponta com muita
raz?o, ? a falta de educa??o; ? o analfabetismo; ? que n?o gastamos na
sa?de de nosso povo; que n?o criamos a infra-estrutura necess?ria, os
caminhos, as estradas, os portos, os aeroportos; que n?o estamos dedicando
os recursos necess?rios para deter a degrada??o do meio ambiente; ? a
desigualdade que temos que nos envergonhar realmente; ? produto, entre
muitas outras coisas, certamente, de que n?o estamos educando nossos filhos
e nossas filhas.

V? algu?m a uma universidade latino e parece no entanto que
estamos nos sessenta, setenta ou oitenta. Parece que nos esquecemos de que
em 9 de novembro de 1989 aconteceu algo de muito importante, ao cair o Muro
de Berlim, e que o mundo mudou. Temos que aceitar que este ? um mundo
diferente, e nisso francamente penso que os acad?micos, que toda gente
pensante, que todos os economistas, que todos os historiadores, quase
concordam que o s?culo XXI ? um s?culo dos asi?ticos n?o dos
latinoamericanos. E eu, lamentavelmente, concordo com eles. Porque enquanto
n?s continuamos discutindo sobre ideologias, continuamos discutindo sobre
todos os "ismos" (qual ? o melhor? capitalismo, socialismo, comunismo,
liberalismo, neoliberalismo, socialcristianismo...) os asi?ticos
encontraram um "ismo" muito realista para o s?culo XXI e o final do s?culo
XX, que ? o *pragmatismo*. Para s? citar um exemplo, recordemos que quando
Deng Xiaoping visitou Cingapura e a Cor?ia do Sul, depois de ter-se dado
conta de que seus pr?prios  vizinhos estavam enriquecendo de uma maneira
muito acelerada, regressou a Pequim e disse aos velhos camaradas mao?stas
que o haviam acompanhado na Grande Marcha: "Bem, a verdade, queridos
camaradas, ? que a mim n?o importa se o gato ? branco ou negro, s? o que me
interessa ? que cace ratos". E se Mao estivesse vivo, teria morrido de novo
quando disse que "a verdade ? que enriquecer ? glorioso". E enquanto os
chineses fazem isso, e desde 1979 at? hoje crescem a 11%, 12% ou 13%, e
tiraram 300 milh?es de habitantes da pobreza, n?s continuamos discutindo
sobre ideologias que dev?amos ter enterrado h? muito tempo atr?s.

A boa not?cia ? que isto Deng Xiaoping o conseguiu quando tinha 74 anos.
Olhando em volta, queridos presidentes, n?o vejo ningu?m que esteja perto
dos 74 anos. Por isso s? lhes pe?o que n?o esperemos complet?-los para
fazer as mudan?as que temos que fazer.


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