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Para entender a crise da Laranja

30/09/2009

Muito se tem comentado a respeito do que tem sido denominado de crise da laranja em Sergipe.

 

Na verdade, a citricultura tem passado por problemas, depois da ?poca de ouro que ocorreu nos anos 70 e 80 do s?culo passado. Naquele momento, um mercado mundial representado pela Europa e pelos Estados Unidos, fortemente absorvedor de suco concentrado e congelado, criou condi?es favor?veis n?o somente para a expans?o da ind?stria de sucos, bem como gerou bons frutos para o segmento da produ??o agr?cola, fortemente beneficiada pelas condi?es favor?veis.

 

90, a situa??o tem mudado. No mercado mundial, de l? para c?, tem havido uma significativa queda do consumo de suco de laranja, que significava 53% do total de todos os tipos de sucos consumidos, passando para apenas 37%, nos ?ltimos dois anos. No mesmo per?odo, outros sucos, a exemplo de suco de ma??, e as chamadas ?guas isot?nicas foram substituindo os tradicionais sucos concentrados de laranja, exportados principalmente pelo Brasil para os Estados Unidos e para a Uni?o Europ?ia, sinal de uma n?tida mudan?a de gosto do consumidor, incentivada por maci?a propaganda dos produtores destes produtos concorrentes. Com a queda no consumo de suco concentrado e congelado de laranja os pre?os despencaram de valores acima de 1.300 d?lares por tonelada para patamares em torno de 750 d?lares por tonelada, o que gerou como conseq??ncia, a ocorr?ncia de grandes estoques internacionais do suco.

  

Com a mudan?a do h?bito de consumir suco de laranja no mercado internacional, refrescos, n?ctares, refrigerantes e ?guas com sabor se multiplicam, fazendo com que o suco de laranja tenha se reduzido ao papel de ingrediente usado na formula??o destas bebidas.

 

No Brasil, o principal reflexo foi a queda nas exporta?es que nos ?ltimos oito anos foram reduzidas de mais de 1,2 milh?o de toneladas/ano para menos de 800 mil toneladas em 2008. Em S?o Paulo, tal redu??o das exporta?es significou queda brutal dos pre?os pagos ao produtor pela mat?ria-prima. Os pre?os come?aram a desenhar uma curva declinante, tendo chegado a meros R$ 5,00 por caixa 40,8 Kg, em maio deste ano, o que significa R$122,00 por tonelada de frutas;

 

44 Kg, e n?o apresenta perspectivas de crescimento. No pa?s, como l? fora, outros sucos e diversos tipos de bebida t?m tomado o lugar do suco de laranja, o que deixa antever uma tend?ncia ruim para a citricultura, mantida a atual situa??o.

 

Em S?o Paulo, principal produtor de laranja do pa?s, o efeito mais significativo da diminui??o das exporta?es e da retra??o do consumo nacional foi a r?pida substitui??o de pomares de laranja por cultivos de cana-de-a?car e de eucalipto, dado ? conjuntura econ?mica internacional favor?vel ? produ??o de bioenergia, demonstrando de forma cabal que os problemas enfrentados pela citricultura n?o t?m sua raiz em raz?es de ordem tecnol?gica, at? porque naquele estado o estoque de tecnologias para a explora??o ? alt?ssimo. As raz?es s?o oriundas do mercado: Condi?es desfavor?veis no universo dos pa?ses consumidores ditam as regras para os mercados produtores.

 

em S?o Paulo. Aqui, a conjuntura de pre?os ditados pela ind?stria levou a uma situa??o tal que o valor l?quido recebido por uma tonelada de laranja posta na ind?stria ? de R$ 60 por tonelada, uma vez que o produtor recebe algo como R$ 120 por tonelada mas tem que abater os custos de colheita e de transporte at? a ind?stria.

 

Neste panorama, a baixa remunera??o da laranja explica porque o citricultor n?o investe na melhoria tecnol?gica da produ??o, o que gera um c?rculo vicioso: ao n?o usar tecnologia, concorre para a degrada??o ainda maior dos pomares; como os pomares se degradam, a produ??o tende a declinar. Mas a l?gica do n?o investimento ? racional, j? que investir em mais tecnologia significaria para o citricultor se afundar cada vez mais em d?vidas.

 

Mesmo diante de tal quadro, Sergipe continua sendo o maior produtor de laranja do Nordeste e tem mais de uma safra anual. Isto faz com que a produ??o local possa entrar no mercado praticamente durante todo o ano, em condi?es de oferecer o produto considerado livre de agrot?xicos, o que significa uma vantagem competitiva do estado.

 

O que est? sendo feito. V?rias medidas v?m sendo postas em pr?tica para enfrentar a situa??o aqui no estado, destacando-se as seguintes:

 

Assist?ncia T?cnica ? Amplia??o do p?blico atendido com a assist?ncia t?cnica para 35 mil fam?lias em todo o estado, dos quais 4 mil produtores na regi?o citr?cola. Nos dois ?ltimos anos foram incorporados mais 120 ve?culos ? frota da EMDAGRO, numa clara vis?o de que a assist?ncia t?cnica ? prioridade de governo.

 

Pesquisa ? O Governo do Estado e a EMBRAPA celebraram acordo de coopera??o t?cnica no valor de aproximadamente 3,5 milh?es de reais, objetivando a reestrutura??o das unidades de pesquisas com citros e fruticultura ? cargo da EMDAGRO, e tamb?m para o desenvolvimento de projetos de pesquisa. 

 

Implanta??o de matrizeiros e recupera??o de borbulheiras  - Foram recuperadas 6 borbulheiras, bem como foi implantado matrizeiro com 13 variedades de citros para suprir com material gen?tico de qualidade os produtores de mudas.

Programa de mudas subsidiadas ? Nestes dois ?ltimos anos, foram adquiridas de viveiristas credenciados, pela via da aquisi??o subsidiada para pequenos produtores, 1,2 milh?o de mudas ao pre?o de R$ 3,00 por muda e repassadas ao pequeno produtor pela metade do pre?o, o que se traduz em um est?mulo importante para a renova??o dos pomares citr?colas sergipanos;

 

Inclus?o do suco de laranja na rede escolar ? Em articula??o com as prefeituras de Santa Luzia do Itanhy e Boquim, contando com a participa??o da CONAB e de uma ind?stria privada e suco, foi iniciada uma experi?ncia piloto de grande import?ncia, objetivando a inclus?o do suco de laranja na merenda escolar da rede municipal. Essa experi?ncia que foi estendida para 18 munic?pios, com perspectiva de abranger um total de 40 munic?pios. O exemplo de Santa Luzia e Boquim j? est? sendo levado ? rede estadual de ensino, o que implicar? em aumento do consumo do suco de laranja. Atualmente s?o 1.109 agricultores engajados no Programa Suco da Terra, Laranja da Gente, recebendo o valor de R$ 400,00 por tonelada de laranja entregue na Ind?stria para ser transformada e embalada para o Programa que j? ? considerado um sucesso absoluto. A experi?ncia de Sergipe ? t?o exitosa que j? est? servindo de exemplo no estado de S?o Paulo.

 

Venda de laranja no varejo atrav?s de rede de Supermercados ? dentro do esfor?o de inserir o produtor associativamente organizado na rede de com?rcio varejista, a Secretaria da Agricultura manteve negocia?es com rede de supermercado, com o prop?sito de abrir um canal direto de comercializa??o produtor-consumidor. Essas a?es j? est?o em pleno desenvolvimento, buscando-se, neste momento, a adequa??o da entidade associativa ?s regras do estabelecimento, do ponto de vista dos padr?es de qualidade, quantidades a ofertar e regularidade da oferta do produto;

  

Realiza??o de campanha de marketing nacional ? com o foco na amplia??o nacional do consumo de suco de laranja, o Governo do Estado de Sergipe assumiu a iniciativa de, em audi?ncia p?blica com o Ministro da Agricultura, solicitar a produ??o e veicula??o de campanha de marketing nacional para aumentar o consumo de laranja, com base nos excelentes benef?cios para a sa?de humana.

 

 Programa de Aquisi??o de Alimentos ? O PAA, operado pela CONAB tem se evidenciado como altamente importante para o pequeno produtor associado, uma vez que oferece garantia de comercializa??o de parte significativa da produ??o da agricultura familiar. S? para se ter uma id?ia, no caso da laranja o pre?o de aquisi??o ? de quatrocentos reais por tonelada, em contraste com o pre?o na ind?stria, que ? irris?rio.

 

Organiza??o do produtor ? A Secretaria da Agricultura, num esfor?o para organizar os produtores, realizou v?rios eventos na regi?o citr?cola, por considerar que est? na organiza??o do produtor em torno de duas entidades associativas, o ponto de fortalecimento de seu neg?cio, e ? com esse prop?sito que o Governo do Estado vem trabalhando com afinco para que a nossa citricultura seja cada vez mais din?mica e promotora da melhoria de qualidade de vida para todos os que dela tiram o seu sustento.  

 

Lan?amento de livro sobre Laranja e Sa?de - A Secretaria da Agricultura est? ultimando preparativos para lan?ar do livro O Poder Medicinal da Laranja, de autoria do Dr. Gilson Dantas, m?dico estudioso sobre aspectos de nutri??o e sa?de. O livro traz excelentes informa?es sobre a excel?ncia de se consumir pelo menos duas laranjas por dia, a fim de obter grandes dividendos em termos de sa?de, sendo a laranja considerada em muitos estudos realizados em institui?es de pesquisa cient?fica internacional como um alimento medicamento.

 

Constru??o da Biof?brica ? Esta a??o est? sendo desenvolvida em articula??o entre a Secretaria da Agricultura, Emdagro, Sergipetec, Embrapa e Universidade Federal de Sergipe (UFS). A biof?brica est? em fase de constru??o no campus da UFS e tem como prop?sito a produ??o de mudas de plantas por processos biotecnol?gicos. O objetivo ? criar a base para a diversifica??o da produ??o da regi?o citr?cola, por meio da produ??o de mudas de abacaxi, banana e outras esp?cies.

 

em S?o Paulo e outros estados produtores, o que pode sinalizar para uma mudan?a do panorama futuro. Por outro lado, fatos novos podem se configurar no panorama mundial. ? o caso da expans?o econ?mica que vem sendo experimentada pela R?ssia, pelo Leste europeu, China, ?ndia e outros pa?ses, que pode significar uma revers?o da tend?ncia de decl?nio do consumo mundial.

Afinal, a citricultura j? enfrentou situa?es conjunturais parecidas no passado e estas foram superadas. At? mesmo condi?es clim?ticas em pa?ses produtores de laranja, como ? o caso dos Estados Unidos, podem criar novas oportunidades para o Brasil nesse mercado, o que levaria a novos patamares de equil?brio entre a oferta e demanda. Assim, poderiam ser restabelecidos patamares de rentabilidade alcan?ados no passado.

 

Atenciosamente,

 

Paulo Carvalho Viana

Secret?rio de Estado da Agricultura e do Desenvolvimento  Agr?rio

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