Por: Fl?vio Viegas

O professor Marcos Fava Neves foi mais uma vez contratado pela ind?stria de suco de laranja para quantificar e mapear a cadeia produtiva da citricultura e promete informa?es que surpreender?o pela dimens?o econ?mica e import?ncia do setor.

Em artigo publicado recentemente em O Estado de S?o Paulo, o professor Fava critica as not?cias de cartel, de terceiriza??o ilegal e explora??o de m?o de obra, expuls?o de pequenos citricultores, entre outras not?cias negativas.

Sublinhamos a palavra not?cia porque temos verificado que a carteliza??o, a terceiriza??o e a explora??o da m?o de obra, a expuls?o de citricultores do setor, as fraudes, a evas?o fiscal e de divisas s?o consideradas a?es normais e indispens?veis para a competitividade desse ?din?mico? setor de nossa economia.

E o que realmente incomoda ? o fato de alguns setores da m?dia insistirem, numa atitude impatri?tica, em divulgar tais fatos. A ind?stria brasileira de suco de laranja, que controla mais de 80% do mercado internacional desse suco, ? apresentada como uma v?tima indefesa do ?vol?til mercado?, mesmo diante de den?ncias de ex-participantes do cartel sobre acordos de pre?os de venda do suco de laranja no mercado internacional.

No entanto, ela tem capacidade de provocar enormes oscila?es na bolsa de mercadorias, atrav?s da compra ou venda de posi?es.

Os produtores expulsos s?o, mais uma vez, taxados de incompetentes e ineficientes. Esse tem sido o ?mantra? repetido pela ind?stria, que vem aumentando o pre?o do suco ao consumidor e reduzindo o pre?o da fruta, retirando do produtor a capacidade de manter e renovar o seu pomar.

Atrav?s dessa estrat?gia, 20 mil citricultores foram expulsos do setor e ?financiaram? a ?fundo perdido? os pomares pr?prios da ind?stria, os quais, por sua vez, ampliaram sua capacidade de comprimir os pre?os e controlar a produ??o de laranja, num c?rculo vicioso infernal.

A t?o decantada ?evolu??o tecnol?gica?, que aumentou a produtividade de 416 para 600 caixas por hectare, consistiu em aumentar a densidade de plantio de 250 para 476 plantas por hectare, o que corresponde a uma diminui??o da produtividade de 1,66 para 1,26 caixas por ?rvore! Com esta produtividade, o custo de produ??o calculado pela CONAB, para a safra de 2009, foi de R$15,87/cx e o pre?o pago pela ind?stria n?o chegou a R$8,00/cx! Com os preju?zos acumulados nestes ?ltimos 20 anos de a??o do cartel, onde os produtores iriam buscar recursos para investir R$20.000,00 por hectare e aguardar quatro anos para o in?cio de produ??o do pomar renovado? Apesar de tudo, ele conclui que 80% da fruta processada pela ind?stria vem de seus pr?prios pomares e de grandes produtores e que ser?o necess?rios instrumentos de prote??o de risco, recursos para a renova??o competitiva e contratos de participa??o est?veis para os pequenos e m?dios produtores.

N?s acrescentamos a necessidade de desarticular o cartel e restabelecer a concorr?ncia entre os processadores; reverter o processo de verticaliza??o; indenizar os produtores v?timas do cartel e com isso resolver o problema do seu endividamento.

S? assim resgataremos os citricultores e a autoestima do setor.