24/05/2010
Decis?o ? forma honrosa de evitar resist?ncias que marcaram seu mandato, alvo de cr?ticas de outros conselheiros

A desist?ncia do presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econ?mica (Cade), Arthur Badin, de concorrer a um novo mandato ? frente do ?rg?o antitruste foi uma sa?da honrosa para n?o enfrentar as resist?ncias que marcam seu mandato desde que assumiu o cargo, h? dois anos. As cr?ticas persistem e se intensificaram no per?odo.

Badin ser? o primeiro presidente que n?o ser? reconduzido no cargo depois de tr?s antecessores. A not?cia de que ele voltar? ao setor privado a partir de novembro, quando acaba seu mandato, foi recebida por muitos como um "al?vio". Quem trabalha pr?ximo a ele reclama da atua??o centralizadora e de dificuldades de relacionamento. Conselheiros que preferem manter o anonimato criticam a falta de trabalho de equipe.

Quando indicado ao cargo, Badin era considerado um "garoto prod?gio", apesar de ter sido rejeitado por 16 senadores na sabatina do Senado e recebido 27 votos favor?veis. Chegou ? presid?ncia aos 32 anos, depois de ter passado pela Secretaria de Direito Econ?mico (SDE) e pela promotoria do Cade.

A vers?o de que o ministro da Justi?a, Luiz Paulo Barreto, o teria convidado para permanecer no cargo, mas que Badin teria recusado por quest?es pessoais, como ter um filho pequeno e a esposa em S?o Paulo, n?o convence a muitos. Em conversas informais, ele j? vinha citando esse fato como um impedimento, o que era lido como "plano B", caso n?o fosse reconduzido.

Uma fonte da Secretaria de Acompanhamento Econ?mico (Seae) do Minist?rio da Fazenda garante que seu nome n?o teria apoio do ?rg?o em uma poss?vel recondu??o ao cargo. Houve muita insatisfa??o no minist?rio quando Badin criticou o governo por fazer os bancos p?blicos baixarem os juros. Ele alegou que isso poderia desequilibrar a concorr?ncia do setor.

H? insatisfa??o no Cade, por exemplo, quando Badin pede vistas de algum dos processos que est?o em julgamento, o que deixa o tr?mite em suspenso, e tempos depois volta a ser julgado sem qualquer recomenda??o extra. Segundo as fontes, ele teria atuado de forma isolada durante praticamente toda sua gest?o.

Em 2008, quem concorria com Badin ? presid?ncia era o conselheiro Fernando Furlan, que segue no cargo. Agora, com o an?ncio da desist?ncia, poderia se pensar que chegou a vez de Furlan assumir a presid?ncia. Mas as coisas n?o s?o t?o simples, como comentou uma fonte do Cade. A fotografia atual ? diferente da de dois anos atr?s por conta do processo eleitoral.

Exaust?o. Badin avaliou como "especula??o" a vers?o de que seu mandato n?o ser? prorrogado porque ainda persistem as resist?ncias ? sua atua??o no Conselho. Al?m dos motivos familiares, ele alega cansa?o. "Estou ? com exaust?o de ideias e de entusiasmo. J? era a hora."

Ele argumenta, inclusive, que a sua recondu??o no cargo seria a "solu??o mais f?cil" para o governo. "As resist?ncias pol?ticas pelas quais passei no primeiro mandato n?o teriam raz?o para existir agora. Eu seria uma solu??o natural". Badin rejeita ser rotulado como algu?m com perfil assertivo e de dif?cil relacionamento. 'N?o sei de onde vem essa avalia??o. Talvez tenha ficado a fama de quando eu era procurador do Cade", avaliou.

"Isso ? muito especulativo. Ap?s oito anos de vida p?blica, a avalia??o ? a de que ? preciso voltar-se para a fam?lia. A situa??o familiar est? dif?cil e ? muito cruel com um beb? novinho", disse, relatando que sua esposa e a crian?a chegam a viajar tarde da noite para que a fam?lia possa se encontrar nos finais de semana. "N?o digo que foi um sacrif?cio patri?tico, mas tamb?m n?o foi f?cil. Sofri muitas injusti?as."


C?lia Froufe / BRAS?LIA - O Estado de S.Paulo