24/01/2011 Segundo o prof. Petri Kukkonen - Diretor de Desenvolvimento de Negócios da
UPM-Kymmene Corporation - muitos especialistas dizem que o mal que os
biocombustíveis de primeira geração causam ao nosso planeta pode ser maior do
que o bem. Além do mais, outros especialistas citam que o desvio mesmo que
parcial de alimentos para a produção de biocombustíveis está gerando um aumento
recorde no preço dos óleos comestíveis, açúcar e de outros alimentos no mercado
e a crescente especulação nas bolsas.
Com isto, como diversas outras
empresas e entidades, a UPM da Finlândia também está investindo em tecnologias
de segunda geração para transformar biomassa em combustíveis líquidos. Segundo
ele, a criação de diesel sintético e de outros bioquímicos a partir de resíduos
florestais representa uma oportunidade fundamental e brilhante e que,
certamente, mudará em curto tempo a geografia econômica e energética dos
países.
No Brasil, a grande vantagem das usinas de cana é que essas novas
tecnologias, no primeiro momento, podem ser incorporadas aos processos atuais.
Isto permitirá, por exemplo, utilizar os elevados volumes de C02 gerados no
processo industrial de fermentação em biorreatores de algas, proporcionando uma
produção adicional de até 30,0% mais de etanol com 01 tonelada da mesma cana. Em
pouco tempo, também será possível processar o bagaço para a produção total ou
parcial de etanol.
Também com tais tecnologias, proximamente, nossos
grandes complexos de eucalipto do interior, ou mesmo de locais que chovam abaixo
de 1.200 mm/ano (o menor nível para a celulose), serão inteiramente viabilizados
ao poderem produzir, de forma sustentável, elevados volumes de diesel sintético
mais eletricidade e/ou mais gases industriais raros e, melhor, próximos às
cidades do interior e em franco desenvolvimento, ou mesmo para
exportações.
Vejamos as definições e as possibilidades reais (não mais
experimentais) de cada configuração tecnológica:
BIOMASSA - Um termo
abrangente que significa qualquer fonte de carbono orgânico (materiais de
plantas) que é renovado rapidamente como parte do ciclo do
carbono.
COMBUSTÍVEIS DE PRIMEIRA GERAÇÃO - Combustíveis feitos de
produtos alimentícios com alto conteúdo de amido (por exemplo, beterrabas,
cana-de-açúcar, batatas) ou de óleo (óleo de soja, óleo de
canola).
COMBUSTÍVEIS DE SEGUNDA GERAÇÃO - Combustíveis de fontes
lignocelulósicas (por exemplo, resíduos florestais). Os materiais de segunda
geração serão convertidos em combustíveis líquidos por meio da tecnologia BTL
(vide a seguir).
ETANOL - O etanol é produzido pela fermentação do açúcar
de plantas em uma solução aquosa, que depois é separada por destilação. Uma
mistura normal de 10% de etanol de milho na gasolina dos EUA pode reduzir as
emissões totais de CO2 em seu ciclo de vida, da origem à descarga dos
automóveis, em cerca de 3% (recente foi autorizado o aumento para 15% da
mistura). No Brasil, a atual gasolina tem 25% de álcool anidro e 20% de nossa
frota de veículos leves é movida por puro etanol (álcool
hidratado).
COMBUSTÍVEIS DE TERCEIRA GERAÇÃO - Iguais aos de segunda
geração, mas também utilizando microalgas, cianobactérias geneticamente
alteradas (GMO) e enzimas para ainda maiores produções de biocombustíveis em
menores espaços de tempo. Estes projetos já se encontram em fase de produção e
comercialização, e não mais experimental, em alguns países como na Dinamarca,
Alemanha e Canadá.
GASEIFICAÇÃO - Processo que converte materiais que
contêm carbono (hidrocarbonetos) em monóxido de carbono mais hidrogênio, ao
reagir os materiais a altas temperaturas (> 700°C) com uma quantidade
controlada de oxigênio. A mistura gasosa resultante é chamada de gás de síntese,
sendo matéria prima para inúmeros processos e aplicações industriais.
GÁS
DE SÍNTESE - Gás de síntese criado durante o processo de gaseificação. O gás de
síntese é limpo e a razão de hidrogênio e monóxido de carbono é ajustada antes
da conversão para combustível sintético no processo F-T.
FISCHER-TROPSCH
(F-T) - Reação química catalisada na qual o monóxido de carbono e hidrogênio são
convertidos em hidrocarbonos líquidos de várias formas. O processo F-T é uma
tecnologia já estabelecida e aplicada em larga escala ao carvão e ao gás
natural.
BIOMASSA-PARA-LÍQUIDOS (BIOMASS-TO-LIQUIDS, BTL) - Combustíveis
sintéticos produzidos a partir do gás de síntese da transformação e liquefação
de componentes da biomassa. Sua fonte de matéria prima pode ser a biomassa, mas
também uma série de resíduos orgânicos, urbanos e industriais, inclusive lixos,
esgotos, restos culturais, serapilheira etc. Uma vantagem deste processo é a
possibilidade de se produzir combustíveis similares aos fósseis (chamados de
diesel sintético). Portanto, podem ser usados nos sistemas existentes de
distribuição de combustível e motores padronizados, ao contrário do que acontece
com o biodiesel. Também, não reduzem a produção de alimentos e não contribuem
para a ainda maior fome dos povos.
WELL-TO-WHEELS (ciclo de vida completo
dos biocombustíveis, desde a origem à descarga do automóvel) - Os
biocombustíveis têm o potencial de diminuir as emissões de gases do efeito
estufa porque as plantas das quais são feitos absorvem CO2 durante o
crescimento. O levantamento do impacto do ciclo de vida é chamado de estudo
well-to-wheels e calcula o valor líquido de CO2 emitido/retirado da atmosfera
entre o crescimento da planta e as emissões da descarga dos veículos.
No
Mundo e no Brasil, alguns cientistas, Entidades e Empresas, ainda continuam
negando tais realidades já pujantes em países concorrentes, mas, no final de
2010, o BNDES (o Banco de Desenvolvimento do Brasil) publicou importante e
completo estudo em português e em que recomenda a necessidade de o País e de
suas Empresas ficarem mais atentos às tais possibilidades e riscos (vide em:
http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/export/sites/default/bndes_pt/Galerias/Arquivos/conhecimento/bnset/set32101
.pdf).
Concluindo, resta a pergunta: Como e quais de nossas Empresas
Energéticas (incluindo usinas de cana e petroleiras) estão, realmente,
preparadas para tais realidades e concorrências?
Fonte: Prof.
Climaco Cezar de Souza e co-autores AGROVISION Brasilia
Is Brazil ready for the reality and competition of fuels of the second and third generation?
According to prof. Petri Kukkonen - Director of Business Development at
UPM-Kymmene Corporation - many experts state that the evil, caused by the first
generation of biofuels, to our planet can be greater than the good. Moreover,
other specialists stated that even a partial substitution of food by biofuel
production is generating a record increase in the price of edible oils, sugar
and other foods on the market and causing growing speculation in the major
Commodities Exchanges.
With this, like several other companies and
entities, UPM of Finland is also investing in second generation technologies for
transforming biomass into liquid fuels (BTL). According to Kukkonen, the
creation of synthetic diesel and other biochemicals from forest residues
represents a major and brilliant opportunity to change in a very short time the
economic geography as well as energetic patterns of countries.
In Brazil,
the greatest advantage for the sugarcane mills is that these new technologies,
in a first step, may be incorporated into current processes. This allows, for
example, the use of high volumes of C02 generated in the industrial process of
fermentation in bioreactors of algae, providing an additional production of up
to 30.0% more ethanol with 01 tonne of the same cane. Consequently, you can also
process the bagasse for the production of all or a part of ethanol.
Also,
with such technology, in the near future our large complexes of eucalyptus in
the interior of Brazil, or even places that have an average precipitation below
1,200 mm / year (the lowest level for pulp), will be fully enabled to produce,
in a sustainable manner, high volumes of synthetic diesel and more electricity
or rarer industrial gases and, better, close to the inner cities in rapid
development, or, as a further alternative, even for exports.
Consider the
definitions and the current opportunities of each technology
configuration:
BIOMASS - A comprehensive term that means any organic
carbon source (plant material) that is rapidly renovated as part of the carbon
cycle.
FIRST GENERATION FUELS - Fuels made from grains or food products
with high content of starch (eg. sugar beet, sugarcane, potatoes) or oil
(soybean oil, canola oil).
SECOND-GENERATION FUELS - Fuels from
lignocellulosic sources (eg. forest residues, bagasse, algae produced in
bioreactors). These raw materials of the second generation are subsequently
converted into liquid fuels during two distinct processes: a) hydrolysis (acidic
or enzymatic) of lignocellulosic materials, or b) termo-chemical transformation
(gasification, pyrolysis or catalytical depolimerisation) of the biomass, a
process also referred to as Biomass- To-Liquids (BTL).
ETHANOL - Ethanol
is produced by fermentation of sugar plants (eg. sugarcane, corn) in an aqueous
solution, which is then separated by distillation. Adding 10 % of ethanol into
U.S. gasoline can reduce total CO2 emissions in its life cycle, from birth to
discharge the car about 3% (the recent increase was authorized for 15% of the
mixture). In Brazil, actual gasoline has 25% of anhydrous alcohol (ethanol) and
20% and our fleet of light vehicles is driven by pure ethanol (hydrated
alcohol).
THIRD GENERATION FUEL - Uses as raw material microalgae and
cyanobacteria which are genetically enhanced to achieve even greater production
values of biofuels in small amounts of time. These projects are being currently
in demonstrative stage in some countries like USA, Germany and
Brazil.
GASIFICATION - The process which converts materials containing
carbon (hydrocarbons) to carbon monoxide plus hydrogen by reacting the materials
at high temperatures (> 700 ° C) with a controlled amount of oxygen. The
resulting gas mixture is called synthesis gas, being raw material for many
industrial applications and processes.
SYNTHESIS GAS - Gas created during
the gasification process. The synthesis gas is cleaned and the ratio of hydrogen
and carbon monoxide is set before conversion to synthetic fuel in the FT
process.
FISCHER-TROPSCH (FT) - Catalyzed chemical reaction in which
carbon monoxide and hydrogen are converted into liquid hydrocarbons of various
forms. The FT process is an established technology and widely applied to coal
and to natural gas.
BIOMASS-TO-LIQUIDS (BTL) It refers to synthetic
fuels that are produced from the processing of synthesis and liquefaction of
biomass components. The principal source of raw material can be biomass, but
also a series of organic wastes, of urban and industrial nature, including
garbage, sewage, debris, litter, etc.. An advantage of this process is the
possibility of producing fossil fuels similar to synthetic diesel. Therefore,
they can be used in existing systems of distribution of fuel in standard
engines, unlike the case with biodiesel. Also, they do not reduce food
production and do not contribute to problems of mal-nutrition in poor
countries.
WELL-TO-WHEELS (full life cycle of fuels, from the origin to
the discharge of the car) - Biofuels have the potential to reduce emissions of
greenhouse gases because the plants from which they are made absorb CO2 during
their growth stages. The survey of the impact of the life cycle study is called
well-to-wheels - and calculates the relation between the CO2 emitted with the
amount of CO2 removed from the atmosphere between the growth of the plant and
the emissions of vehicles.
Worldwide, in general, and in Brazil, in
particular, some scientists, institutions and enterprises, continue to deny
these realities which were already successfully implemented in competing
countries, but at the end of 2010, BNDES (The Development Bank of Brazil) has
published an important and comprehensive study in Portuguese which recommends
the need for the country and its companies to become more aware of these
opportunities and risks (see at:
http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/export/sites/default/bndes_pt/Galerias/Arquivos/conheci
mento/bnset/set32101.pdf).
In conclusion, the question remains: Which of
our energetic companies (including sugar cane mills and Oil industries) and how
far are they really prepared for such situations and
competitions?
Fonte: Prof. Climaco Cezar de Souza e
co-autores AGROVISION Brasilia
|