18/04/2011 Por: Flávio Viegas
Estamos acompanhando as manobras da indústria para baixar o preço da laranja para a próxima safra.
O primeiro passo foi dado com a divulgação da primeira estimativa de safra para 2011/12. A estimativa foi feita sobre um parque citrícola inflado e sem que os técnicos pudessem entrar nos pomares da indústria e de seus ?amigos?. Nesta estimativa, a produção paulista estaria entre 310 e 396 milhões de caixas, mais provavelmente em 353 milhões de caixas, apresentando um coeficiente de variação de 12,2%, inadmissível para esse tipo de estimativa, em que a variação esperada seria da ordem de 5%.
O IEA trabalha com um parque citrícola que aponta 25 milhões de árvores produtivas a mais do que a indústria. Essa diferença não é aceitável. Essas árvores a mais representariam quase 50 milhões de caixas e depreciariam o FCOJ em mais de US$ 900/t.
Árvores produtivas ? 1000 árvores USDA: 164.600 IEA: 185.506 Markestrat: 160.440 Diferença: 25.066 %: 16%
Árvores não produtivas ? 1000 árvores UDSA: 38.600 IEA: 34.646 Markestrat: 16.040 Diferença: 18.606 %: 116%
Total de árvores ? 1000 árvores USDA: 203.200 IEA: 220.152 Markestrat: 176.480 Diferença: 43.672 %: 25%
Informações de que a safra paulista poderá chegar a 400 milhões de caixas foram plantadas em importantes informativos especializados no mercado de sucos, com o claro objetivo de provocar a paralisação dos negócios e conseqüentemente a queda de preços. Em janeiro, apesar dos baixos estoques, a indústria brasileira bateu um recorde de exportação para o mês, embarcando um volume de suco mais de duas vezes a média dos últimos anos.
Apesar da baixa produção e da demanda estável, todas essas manobras provocam queda no preço do suco na bolsa a níveis incompatíveis com os custos dos principais produtores mundiais.
Além disso, as indústrias interrompem o processamento e a compra de fruta no mercado spot, provocando super oferta de fruta para processamento. Como conseqüência, derrubam o preço da laranja tanto para a indústria como para o mercado. Oferecem fruta de seus pomares para aumentar a oferta. Retardam as compras. Apenas a Dreyfus está adquirindo fruta para a safra 2011/12, porém sem preço definido. Ela faria adiantamentos e a fixação do preço será no futuro. Se até setembro o preço não for acordado, valerá o preço da fruta spot que provavelmente será manipulado para baixo.
Para reduzir os patamares de preço, está-se pressionando para baixo o preço da fruta fresca para o mercado interno. A hamlim, que estava acima de R$15,00, está sendo comercializada entre R$10,00 e R$12,00. A pêra, que estava acima de R$25,00, está entre R$15,00 e R$18,00. Preços de fruta na árvore! A Citrosuco já está ofertando pêra a R$18,00 posta no caminhão, o que corresponde a menos de R$15,00 na árvore! Há claras evidências de que todas as manobras são coordenadas entre as empresas, apesar de o setor estar sob investigação de cartel, a fusão da Citrosuco e Citrovita estar em análise e o Consecitrus estar em discussão.
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