27/10/2011
O que já foi mina de ouro na agricultura do interior paulista parece estar com os dias contados.

15/01/2011 - 10:35
Fonte: Caminhos da Roça / EPTV Ribeirão

Os troféus conquistados pelo pai do agricultor Homero de Carvalho, pela excelente qualidade da laranja produzida na década de 60 enchem o filho de orgulho, mas por causa dos preços baixos oferecidos pela indústria há dez anos ele e os irmãos decidiram trocar de cultura.

Na propriedade em Monte Azul Paulista o que sobrou foi a história da laranja, um cenário triste pra quem tanto investiu no crescimento do setor. As casas onde moravam os 15 colonos que trabalhavam na lavoura estão abandonadas e cercadas pelos canaviais.

"A decisão de sair da cultura não foi fácil, mas o custo de produção muito alto e a indústria não remunerando como deveria, a tendência foi sair do mercado para tentar sobreviver no setor", explica Carvalho.

De acordo com o Instituto de Economia Agrícola, nos últimos três anos na região de Bebedouro, no nordeste de São Paulo, a produção de laranja caiu 10%. Muitos produtores abriram mão da cultura depois de enfrentar mais de dez anos de prejuízos, persistem apenas os médios e grandes produtores. Eles têm condições de investir mais em adubação, irrigação e na reforma de pomares.

O diretor do escritório da defesa agropecuária de Barretos, Paulo Fernando de Brito, explica que mesmo os produtores que continuam com a laranja, ainda precisam de uma segurança: "Todo histórico de intensa variação de preço faz com que o produtor migre para a cana, para ter uma segurança financeira na sua propriedade e não ficar na mão da variação de preço. Ele acaba optando pela cana, para que tenha uma rentabilidade maior na sua fazenda".

No caso do agricultor Renato Del Arco, os 145 hectares de laranja plantados nos últimos quatro anos foram reduzidos a 25 hectares e o pomar só ficou porque na área a cana não pode avançar.

"Nessa propriedade passa uma rede de alta tensão, então embaixo dela não é autorizado plantar cana ou seringueira, por conta disso ainda planto laranja, mas pela lucratividade seria a cana", diz Del Arco.