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Flórida projeta preços firmes para suco de laranja

27/10/2011
Por Fernando Lopes | De São Paulo

O aumento da produção conjunta de suco de laranja no Brasil e na Flórida nesta safra 2011/12 não deverá ser suficiente para compensar a queda dos estoques na temporada anterior e, portanto, as cotações tendem a seguir em elevados patamares no mercado internacional. A avaliação é do Departamento de Citrus da Flórida, Estado americano que reúne o segundo maior parque citrícola do mundo, atrás do paulista.

Levantamento recente do órgão projeta a colheita de laranja no Brasil em 495 milhões de caixas de 40,8 quilos em 2011/12, 31,6% a mais que em 2010/11, e a da Flórida em 147 milhões de caixas, aumento de 4,8%. No Brasil, o volume será recorde, puxado por São Paulo, com colheita prevista em 390 milhões de caixas e responsável por quase todo o incremento nacional estimado; na Flórida, a produção ainda está em recuperação depois dos danos causados por furacões na década passada.

Quase 70% da colheita brasileira, ou 345 milhões de caixas, será processada para ser transformada em suco de laranja concentrado e congelado (FCOJ, na sigla em inglês), suco de laranja não concentrado (NFC) ou suco destinado a outras bebidas. Na Flórida, 96% da colheita (141 milhões de toneladas) deverá ser processada. O volume para processamento crescerá 33% no Brasil e 5% na Flórida, segundo o departamento.



A partir dessa expansão na disponibilidade de matéria-prima, informa o levantamento, a produção brasileira de suco deverá totalizar 1,4 milhão de toneladas equivalentes de FCOJ (o volume também inclui NFC e suco para outros fins) em 2011/12, quase 31% acima de 2010/11, enquanto a da Flórida deverá crescer 6%, para 647 mil toneladas, conforme projeções em galões de FCOJ convertidas pelo Valor Data.

No total, portanto, as produções brasileira e da Flórida deverão superar 2 milhões de toneladas na temporada atual, 22% acima do ciclo passado e mesmo patamar de 2008/09, mas longe das mais de 2,3 milhões de toneladas de 1999/00. Mas como a demanda internacional custa a aumentar e os estoques estão magros, o departamento de citrus da Flórida não crê em queda dos preços do suco nos próximos meses.

No Brasil, onde a safra 2010/11 foi a menor desde 2001/02, prejudicada pelo clima, o órgão calcula que os estoques iniciais para 2011/12 desceram abaixo de 18 mil toneladas, menor nível desde 2007/08. Na Flórida, mesmo as 418 mil toneladas previstas são historicamente baixas, ainda por conta da recuperação em curso.

No caso brasileiro, a Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR), que reúne as maiores indústrias do ramo, calcula os estoques globais de suco brasileiro - o volume também armazenado ao longo da cadeia produtiva - em 214 mil toneladas em 30 de junho de 2011, os mais baixos em duas décadas, suficientes para apenas sete semanas de consumo mundial.

Daí a linha de crédito de R$ 300 milhões para a formação de estoques lançada pelo governo e amplamente utilizada pelas principais empresas brasileiras exportadoras. Com ela, a ideia é enxugar o mercado nesta temporada de supersafra e, no futuro, conferir alguma estabilidade aos preços pagos pela laranja fornecida pelos citricultores.

Nesse contexto, o Departamento de Citrus da Flórida projeta as exportações brasileiras de suco de laranja em 1,2 milhão de toneladas equivalentes ao FCOJ em 2011/12, um modesto crescimento de 4% em relação ao ciclo passado tendo em vista o salto da produção. O Brasil representa mais de 80% das exportações mundiais da commodity. Para os embarques do Estado americano, a previsão é de apenas 106 mil toneladas, queda de 30% sobre a temporada anterior. Na soma dos dois polos, o incremento será pequeno, mais afinado com a demanda global.

No que tange aos fundamentos de oferta e demanda, os baixos estoques têm oferecido suporte às cotações internacionais do suco de laranja. Na bolsa de Nova York, referência para o comércio global, os contratos futuros de segunda posição de entrega (normalmente os de maior liquidez) fecharam ontem a US$ 1,7735 por libra-peso, com valorizações de 18,75% em 12 meses, de 53,68% em 24 meses e de 109,63% em três anos, segundo o Valor Data.

Na Europa, principal mercado do suco brasileiro, a tonelada alcançou US$ 2.750, muito acima das médias históricas. Nesse ponto, chama a atenção a análise de Marcos Fava Neves, professor titular na FEA/USP em Ribeirão Preto e coordenador científico do Markestrat, que não vê muito espaço para fortes quedas no futuro, em virtude do aumento dos custos.

Em artigos recentes, o último publicado no jornal "Folha de S. Paulo", o especialista lembra que o custo operacional da produção de laranja colocada no portão das fábricas em São Paulo passou de US$ 1,31 por caixa de 40,8 quilos, em 2003, para US$ 4 em 2010. Já o custo operacional médio dos elos posteriores da cadeia (processamento, armazenagem e logística) até a Europa saltou de US$ 348 para US$ 535 na mesma comparação. Nas contas de Fava Neves, a tonelada do suco chega ao mercado europeu por US$ 1.576, isso cobrindo só custos operacionais.

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