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EUA testam suco do Brasil após elevarem compras

12/01/2012
11 de janeiro de 2012 - 20h01 - atualizado 20h11

Coincidência ou não, os Estados Unidos iniciaram testes no suco de laranja do Brasil num momento em que os americanos elevaram as compras fortemente do produto brasileiro, apontaram especialistas.

Os testes, com o objetivo de detectar o fungicida carbendazim, proibido nos EUA desde 2009, estão sendo realizados pelos reguladores após uma indústria americana ter detectado baixos níveis da substância no suco importado do Brasil, levantando temores de um possível embargo ao produto nacional.

As exportações de suco do Brasil para os Estados Unidos aumentaram mais de 80% em volume no segundo semestre de 2011, na comparação com o mesmo período de 2010, de acordo com dados do governo compilados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP.

No mesmo período, os Estados Unidos aumentaram participação nas vendas do Brasil, de 11% para 20% - o maior comprador é a União Europeia, seguido pelos americanos. O Brasil é o maior exportador global de suco de laranja, respondendo por cerca de 80% do total negociado.

"Dizer que é uma barreira técnica (dos EUA) é complicado, porque o produto (carbendazim) não é permitido lá... mas é uma coincidência... No momento em que o Brasil dobra as exportações para os EUA, levantam essa bola, considerando que não era permitido desde 2009", disse a analista do Cepea especializada em laranja, Margarete Boteon. "No último ano, nos seis meses de julho a dezembro, realmente exportamos muito para os EUA", destacou a analista.

As exportações totais do Brasil de suco de laranja de julho a dezembro somaram 620 mil t (equivalente em suco concentrado), praticamente estável ante o último semestre de 2010, mas com um crescimento de cerca de 30% em receita, para US$ 1,3 bilhão, de acordo com dados reunidos pelo Cepea.

Para Margarete, os dados mostram que há uma "certa dependência" do suco brasileiro nos EUA. Ela lembrou que eventual embargo contra o suco do Brasil será bom para o produtor da Flórida, mas não para o consumidor americano, já que os preços tendem a subir.

Os testes para o suco brasileiro também coincidem com o prazo final dado pelo Brasil para os EUA se adequarem a uma decisão da Organização Mundial do Comércio contra medidas antidumping impostas sobre as exportações brasileiras de suco pelos norte-americanos.

O Brasil foi vitorioso em um painel da OMC contra os EUA depois de desafiar a metodologia adotada pelo Departamento de Comércio dos Estados Unidos para aplicar tarifas antidumping sobre o suco de laranja brasileiro. O prazo deve terminar no primeiro trimestre.

Dependência

Para Maurício Mendes, analista integrante do Gconci (um grupo de consultores de cítrus) e presidente-executivo da consultoria agrícola Informa Economics FNP, os Estados Unidos dependem do produto do Brasil, e os dois países deverão chegar a um acordo sobre o tema.

"Os Estados Unidos precisam do suco brasileiro, nós exportamos pra lá 100 mil, 170 mil t por ano, em alguns anos chega a 200 mil t de suco congelado. Eles são importadores líquidos e não vejo como eles podem ter outra fonte de suco em quantidade para atender o mercado americano", disse Mendes.

O especialista avalia que, por essas razões, não há como ser imposta uma restrição total às vendas brasileiras.

"O Brasil depende menos da compra dos EUA, do que os EUA do Brasil." Ela lembrou que a Flórida, principal produtor dos EUA, produz cerca de 600 mil t de suco, enquanto os americanos consomem de 800 mil a 1 milhão de t por ano. "Tenho certeza que isso vai ser contornado, existe uma relação comercial entre os países que é muito importante, não acredito que vai inviabilizar o mercado, acho que os dois países chegarão a um acordo", disse.

Limites seguros

O governo do Brasil e o setor privado lembraram que o uso com limites seguros do fungicida proibido nos EUA é previsto pelo Codex Alimentarius da FAO (o órgão para agricultura e alimentação das Nações Unidas) e da Organização Mundial de Saúde, o que não justificaria um embargo ao produto brasileiro.

O Codex Alimentarius prevê o limite máximo de resíduo considerado seguro em diversas culturas.

"Isso de qualquer maneira é ruim para nós... mas o resíduo do carbendazim é insignificante do ponto de vista toxicológico", disse José Roberto Da Ros, vice-presidente da associação que reúne a indústria de agroquímicos (Sindag).

O executivo ressaltou que o produto é amplamente utilizado em inúmeros países no mundo, incluindo a Europa, que também fabrica o ingrediente ativo importado pelo Brasil.

Segundo ele, o produto tem registro há pouco mais de 20 anos no Brasil, sendo usado também em culturas como a soja e o trigo, mas não é produzido internamente. No caso das frutas cítricas, ele é usado para tratar da pinta preta e da estrelinha, doenças fúngicas detectadas aqui há cerca de dez anos.

Da Ros ponderou que o país tem produtos equivalentes para o tratamento destas doenças, caso enfrente mais problemas por conta da proibição ao fungicida carbendazim nos EUA.

O executivo lembrou que o país enfrentou situação semelhante, quando o Japão questionou o uso do flutriafol, fungicida utilizado contra ferrugem nos cafezais. Na ocasião, a saída brasileira foi fazer o registro do produto no Japão, uma vez que o país já seguia os limites previstos elo Codex Alimentarius, resolvendo o impasse comercial.


Terra

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