01/03/2012
Fonte: DCI - 01/03/2012

http://www.dci.com.br/Citrovita-fecha-fabrica-dois-meses-depois-de-fusao-ter-sido-aprovada-10-412563.html

MATÃO SÃO PAULO - A Citrovita, adquirida recentemente pela Citrosuco, anunciou ontem o fechamento da unidade de Matão, no interior de São Paulo, e a demissão de 173 funcionários. Do total de 192 empregados, 111 já foram dispensados, 62 irão trabalhar na companhia até maio e apenas 19 serão transferidos para outras unidades da empresa.

O anúncio foi feito dois meses e meio após o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovar a fusão da Citrovita com a Citrosuco, realizada em maio de 2010 e ratificada pelo órgão de defesa econômica em 14 de dezembro de 2011. Agora sócia da Citrovita na produção de suco de laranja, a Citrosuco tem uma unidade com 800 funcionários na mesma cidade paulista.

A respeito do fechamento da fábrica em Matão, a Citrovita informou ontem, em uma nota curta, que, "em função das previsões quanto ao tamanho da próxima safra de laranja, decidiu promover uma reestruturação na unidade industrial de Matão, que não irá operar no processamento da safra 2012/2013".

Apesar da justificativa da empresa, até o momento nem indústrias nem o governo divulgaram estimativas de produção na próxima safra, cujo início se dá entre junho e julho.

"O fechamento é decorrente da fusão", analisou o presidente da Associação Brasileira de Citricultores (Associtrus), Flávio Viegas. Segundo o representante, a união comercial das duas empresas resulta em maior concentração industrial, menor nível de concorrência e (ainda mais) pressão negativa sobre os preços pagos aos produtores de laranja. "Mais poder para a indústria", resumiu.

"A indústria formou um cartel, a partir de 1994 - e está sendo investigada", disse Viegas, não se referindo à fusão, mas a um contexto histórico do segmento cítrico.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Alimentação de Matão, Nelson Joaquim da Silva, disse que "não acredita na versão da Citrovita" para o fechamento da unidade. "Isso é um reflexo da fusão com a Citrosuco, aprovada pelo Cade", afirmou.

A empresa anunciou ontem ao sindicato um pacote de benefícios aos empregados demitidos, que consiste no pagamento, além das verbas rescisórias, de mais um salário para os que tiverem até 10 anos de empresa e de mais dois salários para o restante.

Segundo o sindicalista, a Citrovita informou que irá manter o vale-alimentação por 90 dias, mas que não manterá o convênio médico dos que forem dispensados. "Disseram que cada funcionário que precisar de atendimento médico para consultas ou cirurgias já marcadas terá de procurar a empresa, que irá avaliar caso a caso", explicou Silva.