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Citricultura em risco

13/10/2016

Por: Flávio Viegas

O Fundecitrus publicou uma reestimativa da safra de laranja no Estado de São Paulo, onde se concentra a maior parte da citricultura brasileira e que tem impacto sobre toda a citricultura do país.

A publicação de uma estimativa de safra foi um avanço e uma conquista dos citricultores depois de décadas de manipulação das informações por parte das processadoras. Muitas informações ainda precisam ser compartilhadas como os volumes e preços do suco de laranja NFC e FCOJ a granele de comercialização ao consumidor,nos diversos mercados.

Na estimativa publicada em Setembro de 2016, a produção estimada foi de 249,04 milhões de caixas de 40,8 kg, uma quebra de 17,17% em relação ao fechamento da safra anterior. Nesse relatório estimou-se que há, na região que compreende o cinturão citrícola de São Paulo, o Triângulo e o Sudoeste de Minas, 175,548 milhões de pés produtivos, um acréscimo de 0,82% em relação à safra anterior. A redução dos pés produtivos na região Noroeste e Sul, respectivamente de5,2% e 4,6%, foi praticamente compensada pelo aumento de árvores produtivas na região norte e central que foi da ordem de 4,3% e pelo crescimento de 1,1% da região Sul.

Esse nível de produção havia sido superado no início da década de 1990; a produção cresceu até o final da década, atingindo em 1999, 400 milhões de caixas, a partir do momento em queas processadoras passaram a atuar no sentido de excluir produtores e expandir os pomares próprios, aumentando a verticalização da produção e o poder de mercado. Com a produção própria de cerca de 50% da fruta processada, as empresas puderam retardar as compras e pressionar o produtor,impondo condições comerciais cada vez mais desfavoráveis aos fornecedores. Além de impor preços abaixo do custo de produção, priorizaram a colheita da fruta própria. A colheita tardia provoca a queda de frutos e afeta a produtividade das safras seguintes.

A queda da produtividade por árvore que era da ordem de 2,2 cx.na época vem caindo de ano a ano e atinge nesta previsão 1,42 caixas por árvore. Embora grande parte da quebra de produção, nesta safra, seja decorrente das altas temperaturas em setembro do ano passado, a queda contínua de produtividade está ligada a outros fatores, sendo o principal os baixos preços recebidos pelos citricultores, como temos demonstrado em artigos anteriores. A falta de concorrência e a verticalização da produção permitem que as indústrias controlem os preços, que vêm sendo mantidos em níveis inaceitavelmente baixos e totalmente descolados dos fundamentos do mercado.

A queda da produção vem reduzindo o estoque no Brasil, que era de 509 mil t no início da safra 2012-13, tendo atingidono início da safra atual 161 mil t e deve terminar a safra com 123 mil t, segundo levantamentos do USDA. Esse nível de estoque, que corresponde a menos de 50% do estoque necessário para a manutenção do fluxo das exportações de suco de laranja do Brasil, vai limitar as exportações ao volume produzido na safra atual de885 mil t, uma redução de 26,2% em relação à média dos últimos 10 anos, que foi da ordem de 1200t/ano.

Apesar disto, os preços atuais apenas cobrem os custos de produção, que estão na faixa de R$ 18 a R$20/ caixa de 40,8 kg, menos de US$ 6/cx., menos da metade do preço recebido pelos citricultores da Flórida. Os custos de logística, comercialização evendas, acrescidos dos custos administrativos e financeiros, que poderiam explicar esta diferença, não atingem US$1/caixa.

A única explicação para o baixo nível de preço pagopela indústria é o poder de mercado decorrente da concentração e da verticalização. No relatório do Fundecitruspode-se verificar que 158 das propriedades concentram praticamente 50% do parque citrícola levantado, sendo essas propriedades, em sua maioria, das próprias indústrias.

Enquanto a citricultura brasileira vem sendo dizimada pelo oligopólio investigado desde 1999 por cartel, nos EUA o Estado da Flórida incentiva o replantio dos pomares de laranja com US$ 250.000,00 por produtor,incentivo que se soma aos incentivos federais e municipais já existentes.


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