Suco de laranja fresco dá impulso à exportação do setor

14/07/2008
SÃO PAULO - As exportações de suco integral pasteurizado (NFC, na sigla em inglês) cresceram 36,6% na última safra e garantiram o aumento de 3% da receita total do setor, que foi de US$ 1,86 bilhão.
As vendas do suco fresco somaram 906 mil toneladas na safra 2007/2008 e ultrapassaram, em peso absoluto, as exportações do suco concentrado e congelado (FCOJ), cujas vendas recuaram 12,3% no período, totalizando 893,35 mil toneladas. A queda ocorreu em razão do aumento da produção de laranja na Flórida, o que fez os Estados Unidos reduzir a compra do produto brasileiro.
"Como boa parte do NFC está sendo destinada ao principal comprador do País, a União Européia, o volume de embarque dele não foi comprometido", explica Margarete Boteon, pesquisadora do mercado de citros do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).
Na avaliação da especialista, o incremento nas vendas do NFC é positivo pois trata-se de um produto mais valorizado e que atende a demanda de um mercado crescente. "O consumidor europeu tem demandado mais e isso é bom porque é um produto de maior valor agregado, o preço final é quase o dobro do concentrado", diz.
Apesar de ter boas expectativas em relação aos preços para a próxima safra, Boteon destaca que a restrição de matéria-prima pode limitar o mercado de suco fresco. "Em termos de preço o que se espera é que o mercado spot seja até maior, mas o alta das exportações do NFC vai depender do estoque de passagem da indústria e do quanto ela consegue processar" diz. "Nesse processo a industria pode comprar de outros mercados, fora do Estado de São Paulo, ou retirar o volume de parte das vendas domésticas", completou.
A Louys Dreyfus Commodities (LDC) é uma das indústrias de olho nesse mercado. Esse ano a empresa anunciou investimentos da ordem de R$ 550 milhões até 2012 para ingressar nas exportações de NFC. "A coordenação na cadeia de exportação é ainda mais crucial quando se trata do suco integral pasteurizado, começando nos pomares e indo até os clientes no exterior", disse na ocasião Henrique Freitas, diretor da Divisão de Citros da LDC.
Quebra de safra
A quebra de 20% na safra paulista de laranja, em razão de problemas climáticos durante a florada, já está resultando em valores maiores nos contratos firmados entre produtores e indústrias. De acordo com dados do Cepea, os citricultores têm negociado a venda entre R$ 8,25 e R$ 14,00 a caixa de 40,8 kg, patamares bem acima dos registrados em anos anteriores.
O cenário se deve ao fato de que o volume de laranja no mercado doméstico deve ser pequeno até agosto, visto que a colheita da safra 2008/2009 de laranja de São Paulo deve intensificar apenas em setembro, período no qual a indústria também deve expandir a produção. "O aumento da oferta a partir de setembro deve estimular a abertura de mais fábricas para o processamento de suco", disse Boteon.
A pesquisadora explica que essa menor oferta paulista teve pouco impacto na Bolsa de Nova York, onde é negociado o suco de laranja e que muitos produtores, inclusive, ainda estão com contratos fechados em safras anteriores com preços muito abaixo dos negociados neste ano.
O que será o grande diferencial no curto prazo é a demanda no mercado europeu que pode estimular melhores negócios. "Além disso, os acordos já estão sendo fixados, em sua maioria, em moeda nacional, visto que o dólar desvalorizou significativamente em relação ao real", destaca Boteon.
Para Maurício Mendes, presidente da AgraFNP e membro do Gonci, grupo de consultores em ciitrus, é um excelente momento para o Brasil, mas ao mesmo tempo crítico porque se não cuidar do manejo do greening. "Podemos ver o preço do suco muito bom e não conseguir aproveitá-lo", alerta o especialista.
As exportações de suco integral pasteurizado (NFC, na sigla em inglês), o suco fresco cresceram 36,6% na última safra e garantiram o aumento de 3% da receita total do setor, que foi de US$ 1,86 bilhão.
Fonte: DCI - Priscila Machado