Região de Cana e Laranja penam com recessão.

13/05/2009

Primeiro bimestre foi o pior da década na geração de vagas nas 10 maiores cidades

Desempenho melhora em relação a janeiro, mas total de vagas fechadas chega a 771; no país, foram criados 9.179 empregos
LUCAS REIS - DA FOLHA RIBEIRÃO

Enquanto a economia brasileira reage e volta a abrir postos de trabalho com carteira assinada, a região de Ribeirão Preto caminha no sentido contrário. As dez maiores cidades da região tiveram o pior primeiro bimestre da década na geração de vagas formais, segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego divulgados ontem.
Desde que o ministério passou a compilar os números por município, em 2000, nunca houve tantas vagas fechadas na região. Nos dois primeiros meses deste ano, foram 2.661 vagas cortadas. No mesmo período de 2008, a região teve saldo de 7.619 empregos com carteira assinada criados.
O desempenho de fevereiro foi melhor que o de janeiro, mas ainda mostra os reflexos da crise global, já que o comportamento do mês passado foi o pior, para o mês, da década. Foram fechadas 771 vagas nas dez maiores cidades da região, contrariando o desempenho do país, que apresentou saldo positivo de 9.179 empregos com carteira assinada, após três meses seguidos de queda.
Janeiro também já havia sido o pior da década, com o fim de 1.890 vagas na região.
Bebedouro e Matão tiveram os piores desempenhos da região, com cortes de, respectivamente, 2.013 e 1.301 empregos. A explicação está nas dificuldades pelas quais passa a citricultura, principal atividade econômica da microrregião.
"A citricultura está numa fase difícil já há algum tempo. O fechamento da Citrosuco [em fevereiro] agravou o cenário, pois provocou uma reação em cadeia no setor", disse o presidente da Associtrus (Associação Brasileira de Citricultores), Flávio Viegas.
Nos dois municípios, o setor que mais cortou vagas foi o da agricultura, sendo 1.704 em Bebedouro e 1.301, em Matão. "A última safra foi pequena e isso encerrou as atividades em fevereiro. Por isso, os cortes na agropecuária foram tão contundentes", disse Viegas.
Do outro lado, Franca mostra recuperação pelo segundo mês consecutivo. Fechou fevereiro com saldo positivo de 1.549 vagas, 29,9% a mais que em fevereiro do ano passado. Do total, 1.320 foram criadas na indústria, sendo 1.260 delas no setor calçadista.
"É o segundo mês positivo, o que nos faz crer em boa recuperação. O setor está reagindo. Se continuarmos nesse ritmo, vamos recuperar boa parte dos quase 9.000 funcionários demitidos em dezembro", disse o presidente do Sindifranca (Sindicato da Indústria de Calçados de Franca), José Carlos Brigagão do Couto.
Em dezembro, as indústrias do polo calçadista registraram a perda de 8.821 vagas com carteira assinada, um dos maiores tombos da história do setor no município. No entanto Couto disse temer que a reação pare em abril, quando cessa o período de contratações.
Araraquara e São Carlos também tiveram desempenhos negativos, motivados por cortes em agropecuária e indústria. Em Ribeirão, houve saldo positivo de 607 vagas, bem abaixo das 1.489 criadas em fevereiro de 2008. O setor de serviços foi o responsável pela abertura de vagas. (Folha de S. Paulo)