Produtores ganham voz na 30ª Semana da Citricultura.

09/06/2008

Produtores ganham voz na 30ª Semana da Citricultura

 

Sessão de economia e política, no último dia do evento, constata a realidade do setor produtivo.

  

O último dia da 30ª Semana da Citricultura foi marcado pela presença e participação de representantes dos produtores na programação oficial do evento. Às 12h, o presidente da Associtrus, Flávio Viegas, falou sobre “A citricultura hoje”, com a exposição do atual cenário para o produtor e projeções do mercado de citros no Brasil e no mundo. Estimativa de safra e seus impactos na economia; divergências entre aumento de demanda, queda de estoques e preços; aumento do custo de produção; novas estratégias de comercialização, entre outros temas, foram abordados. “O citricultor deve incorporar em seus cálculos, o custo de oportunidade, afinal maior produtividade não implica em maior renda. A custo da safra 2008/2009 está, em média, 7% maior que na safra anterior. A realidade do mercado, com redução da produção na Flórida (EUA) e aumento do consumo mundial, exige maior organização para o desenvolvimento de uma instituição representativa forte e investimentos em novas estratégias de comercialização da fruta”, observou Viegas ao informar a criação da Sucoop, empresa que irá processar, inicialmente, 300 mil caixas de 40,8 kg e dará ao produtor mais alternativas de comercialização.

Antes do presidente da Associtrus, o pesquisador Frederico F. Lopes, do Pensa/USP, em sua palestra sobre “Análise de resultados da produção citrícola utilizando ferramentas orçamentárias”, observou que, a partir de pesquisas da instituição, foi possível constatar que o preço pago pela fruta é o maior problema do setor produtivo que, diante de dificuldades financeiras, abandona a atividade e deixa de investir nos pomares. A mesma constatação foi feita pelo consultor Arlindo de Salvo Filho, na palestra “Custo de produção para pomar comercial”, que comparou o produtor a uma águia ao frisar a necessidade dele deixar de ciscar atrás das migalhas e alçar vôos mais altos.

A 30ª Semana foi encerrada com mestria pela pesquisadora Margareth Boteon, do Cepea/Esalq, que abordou as perspectivas e a importância do setor se preparar para uma nova década, onde a sustentabilidade da citricultura se dará a partir da defesa do patrimônio e de mecanismos mais transparentes de remuneração. “Acredito que 2008 é um período de transição e de abertura de um novo ciclo, menos previsível e repleto de desafios”, disse Margareth ao citar alguns fatores que impulsionarão os preços, como encarecimento da produção, limitação da oferta (greening), aumento de choques climáticos no Brasil e na Flórida e elevação do custo de oportunidade; e fatores de pressionarão os preços, como concentração do setor produtivo, recuperação da produtividade da Flórida, estagnação e queda no consumo de suco concentrado, enfraquecimento do dólar, entre outros. “O setor deverá ter flexibilidade para adaptações e, se possível, antecipar-se às mudanças. É urgente a solução de velhos entraves para tornar os acordos de preços mais transparentes e flexíveis. Há muita dispersão de preço e isto é extremamente danoso para o setor”, finalizou Margareth.

Estimativa de safra – A estimativa de 368,2 milhões de caixas de 40,8 kg, para a safra 2008/2009, divulgada no dia 8 de maio pela Secretaria de Agricultura foi questionada pelos produtores à diretora do IEA (Instituto de Economia Agrícola), Valquíria da Silva que, num primeiro momento, observou que as estatísticas do IEA se referem às informações do Estado de S.Paulo como um todo e não apenas ao denominado “cinturão citrícola”. Ela também frisou que haverá outros três levantamentos até o final da safra e que o número apresentado pela Secretaria é preliminar. “Estamos fechando o segundo levantamento, feito no mês de abril, e, acreditamos que até o final de junho uma nova informação estará disponibilizada, provavelmente, com ajustes”, declarou Valquíria. Sobre as declarações do secretário João Sampaio Filho, que admitiu rever os números divulgados, Valquírida acrescentou que “é uma preocupação do IEA implementar novas ferramentas que auxiliem cada vez mais na depuração da informação. Discutimos com o secretário as alterações que se fazem necessárias para complementar o trabalho já realizado pelo Instituto. A metodologia utilizada pelo IEA está disponível e estamos de portas abertas para troca e coleta de informações considerando que não produzimos apenas estatísticas de previsão de safra”.