O mercado. Que mercado?

23/04/2009

17/04/2009

Por : Flávio Viegas

 

 

No último levantamento do CAGED do Ministério do Trabalho, Bebedouro foi  o município do Estado de São Paulo que mais perdeu postos de trabalho. No primeiro trimestre do ano, 6.300 trabalhadores, de diversos setores da nossa economia, perderam o emprego em nossa cidade.

Esses postos de trabalho perdidos são, com certeza, consequência do fechamento da fábrica da Citrosuco em nossa cidade, demonstrando que as perdas para o município não se restringem aos empregos diretos dos empregados da fábrica, mas se estendem por toda a nossa economia. Esperamos que o processo tenha terminado, mas mesmo assim a nossa economia vai continuar a sofrer as consequências da perda de renda causada pelo fechamento da fábrica.

Lamentamos o fato de que o fechamento da fábrica era previsto desde a época da venda da Cargill, porém não foi levado em consideração pelo CADE, que aprovou a operação sem restrições.

Estranhamos que o fechamento da Citrosuco tenha tido como pretexto falta de matéria- prima, pois muitos produtores não estão conseguindo vender sua fruta. Afinal há falta ou excesso de laranja?

Não adianta querer entender, este mercado obedece à vontade de um ou dois homens, donos do destino de mais de 400 mil pessoas e que põem as nossas instituições a seus pés por força de seu poder econômico.

A situação da região deverá agravar-se em razão da manipulação do preço da laranja.

É muito difícil a situação dos citricultores: a concentração, a verticalização e a cartelização das indústrias tornaram desnecessária a disputa pela fruta. O citricultor fica entre fazer um contrato de vários anos e ser obrigado a cumpri-lo, ou ser  obrigado a renegociá-lo -o que for mais conveniente para as fábricas num dado momento, como temos visto. Há informações de que alguns citricultores que têm contratos acima de US$4,5 estão sendo obrigados a reduzir o preço contratado, enquanto produtores com contratos abaixo deste valor estão sendo obrigados a cumpri-los integralmente.

Os produtores sem contratos vão precisar optar entre fazer um contrato de longo prazo a US$4 ou US$4,5 ou ficar sem contrato e sujeitos a não ter sua fruta colhida.

Tudo indica que continuará a haver três tipos de contrato: o tipo 1, para os eleitos, que foram escolhidos para permanecer no setor, e que estarão na faixa de US$ 6 a 7; o segundo tipo destina-se aos que serão expulsos a médio prazo e que receberão US$ 4 a 5; e o terceiro, o reservado aos párias que receberão abaixo de US$4. Qual é o seu caso?

 

Crédito: JORNAL IMPACTO

               Bebedouro-SP

 

 

Â