CitrusBR- a nova Abecitrus

21/09/2009

Por: Flávio Viegas

 

A primeira coletiva do presidente-executivo da CitrusBR – Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos, criou uma enorme expectativa e a esperança de que finalmente a indústria iria mostrar com números a realidade do setor e explicar as razões do caos que ela está gerando na economia dos municípios citrícolas do país.

Com referência ao preço do suco, representantes do primeiro escalão das indústrias e vários especialistas confirmam que a queda dos preços do suco de laranja a granel se deve a fatores alheios ao mercado e que o impacto dessa redução de preço sobre a demanda é desprezível.  

Mas, na verdade, essa queda de preço do suco a granel não se tem refletido no preço ao consumidor, que, ao contrário do que se poderia esperar, vinha aumentando desde meados da década de 90. E foi o alto preço do suco ao consumidor que provocou a queda de demanda e aumento dos estoques na Flórida, onde estão 85% dos estoques mundiais de suco reportados pelo USDA.

Um grupo de técnicos que esteve recentemente nos EUA ouviu a confirmação de que o custo de produção do citricultor da Flórida é de US$1,25 por libra de sólidos solúveis (US$8,5/cx) e que  70% dos produtores têm contrato e estão recebendo  entre US$1,40 e US$1,70 por libra de sólidos solúveis (US$9,5 a 11,5 por cx). Os 30% dos produtores que estão no mercado spot receberam US$1,06 por lbss (US$7,2/cx). Foi também confirmado que a bolsa de Nova York, ICE, não é utilizada como indicador do mercado. Os citricultores da Flórida recebem preços superiores aos do suco na bolsa, que nos últimos 12 meses esteve abaixo dos US$0,90 por lbss.

Assim, apesar dos altos estoques na Flórida, os citricultores norte-americanos, cuja produção é constituída de 50% de variedades precoces, tiveram toda a safra colhida e receberam preços remuneradores.

A indústria brasileira de suco de laranja insiste em afirmar que apenas 20% dos citricultores estão sem contrato e que isto foi opção do citricultor. Todos sabemos que a maioria dos citricultores estão sem contrato porque a indústria não renovou os contratos vencidos na safra passada e, além disso, reduziu para US$4,00 o preço contratado de todos aqueles que tinham contrato acima desse valor.

Por tudo o que foi dito acima, não encontramos justificativas para o que está ocorrendo no Brasil, onde os preços estão longe de cobrir os custos de produção, grande parte da safra não está sequer contratada e as frutas precoces, que correspondem a menos de 10% da safra, estão sendo rejeitadas pela indústria.

Com relação a enormes reduções das exportações brasileiras, os dados da SECEX não confirmam essas informações. Os volumes totais cresceram cerca de 0,5% e mesmo o volume convertido a 66º brix indica uma queda de apenas 1,8% nos últimos 12 meses,

período que  coincidiu com o auge da crise! Quanto a queda do valor de registro, já comentamos anteriormente que há uma enorme discrepância entre o preço do suco a granel na Europa e o preço do suco ao consumidor.

A recuperação da imagem das esmagadoras deve começar com informações claras e precisas sobre safra, estoques, preços, produção própria da indústria e, principalmente, sobre a origem dos recursos para os enormes investimentos feitos nos últimos anos, uma vez que, aos valores reportados pela venda do suco, a indústria não geraria caixa para justificar os investimentos. Os citricultores precisam aprender com a indústria como crescer sem renda.

 

 Fonte: JORNAL IMPACTO

            Bebedouro/SP

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