Indignação do Citricultor Marcos A. Rosolen a reportagem exibida no Globo Rural!

11/12/2007

Sr. Editor.

 

Sou Marcos Antonio Rosolen, consultor em citricultura, citricultor e Conselheiro da Associtrus (Associação Brasileira de Citricultores).

 

Sei que vocês irão desconsiderar esta carta, pois sempre o fazem, e talvez seja perda de tempo escreve-la, mas eu não posso deixar de me manifestar diante da reportagem mal feita que os Srs. fizeram  sobre a citricultura, levada ao ar ontem, 09/12/2007.

A reportagem citada careceu de informações deixando, ao final, transparecer ao público que os produtores estão reclamando sem motivos.

 O Sr. Ademerval, com seu velho discurso, vem dizer que renegociar contratos traz insegurança ao mercado, mas se esqueceu de dizer que os pedidos de rescisão feitos por diversos produtores estão sendo concebidos com base no código civil, pois os contratos de 3 dólares/cx, não cobrem os custos de produção, (A Associtrus tem um planilha de custos perfeita onde o custo chega a R$15,00/cx) e os juízes estão entendendo que somente a indústria lucra, e o produtor tem prejuízo.  

O Sr. Ademerval se esqueceu de dizer, que em outra época, quando U$3,00 até servia, e quando o preço do suco no mercado internacional caiu fortemente, as indústrias, arrogantemente, impuseram a renegociação para baixo, derrubando os contratos de U$3,00/cx para U$1,8/cx, e deixou as frutas caírem no pomar, impedindo a colheita dos produtores que relutaram em assinar a renegociação. Agora diz: “renegociar contratos traz insegurança ao mercado”. Isso sim é que é usar 2 pesos e duas medidas.

O repórter, ao final disse que o valor do suco no mercado internacional caiu 30% em relação ao ano passado, mas no ano passado teve um “boom” devido aos furacões nos EUA, e o preço do suco ainda está 100% maior do que na época em que os contratos de U$3,00/cx foram firmados, além disso, o câmbio que na época da assinatura da maioria dos contratos de U$3,00/cx, era de quase R$3,00 agora é R$1,7; e apareceram outras pragas, como o greening,  que elevaram os custos ainda mais.

Ainda se esqueceram de entrevistar o pessoal da ESALQ-USP (CEPEA) que vêm acompanhando o mercado a anos, e que poderiam mostrar, por exemplo que os produtores da Flórida receberam o repasse da melhoria do preço do suco, e que no Brasil, esta diferença ficou com as indústrias e seu cartel.

Além disso, as distorções estão tão sérias que levou a Assembléia Legislativa de SP a formar uma Frente Parlamentar em Defesa da Citricultura, com a adesão de quase a metade dos Deputados estaduais.

Assim, o que eu espero dos senhores, é que voltem ao assunto, desta vez com todos os protagonistas, tornando a reportagem realmente imparcial.

 

Atenciosamente

 

Eng. Agr. Marcos Rosolen
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