27/01/2009Se as mudan?as estruturais e a conjuntura adversa preocupam as ind?strias de suco e motivam mudan?as estrat?gicas em sua atua??o, para os produtores de laranja o quadro ? mais complexo e desalentador. Em n?mero progressivamente menor e poder de barganha cada vez mais restrito, a grande maioria dos citricultores n?o consegue pela fruta os pre?os que considera justos e, ao mesmo tempo, v? os custos de produ??o aumentarem com insumos mais caros e doen?as nos pomares.
Em S?o Paulo, que re?ne o maior parque citr?cola do mundo - 150,4 milh?es de ?rvores em produ??o nesta safra 2008/09, segundo o Cepea/Esalq -, as duas associa?es que representam os produtores (Associtrus e Faesp) reclamam que as ind?strias est?o mais inflex?veis nas negocia?es de pre?os de fornecimento da fruta. Eles dizem que depois que a Secretaria de Direito Econ?mico (SDE) do Minist?rio da Justi?a aprofundou as ainda indefinidas investiga?es sobre um suposto cartel entre as ind?strias do segmento, a partir de 2006, as rela?es pioraram. At? a Associa??o Brasileira dos Exportadores de C?tricos (Abecitrus), que reunia as companhias, simplesmente deixou de existir no ano passado.
Com isso, a citricultura n?o p?ra de perder adeptos. A Associtrus (Associa??o Brasileira dos Citricultores) estima que o n?mero de produtores em S?o Paulo j? caiu de 27 mil, em 1990, para menos de 10 mil. O fato de as pr?prias empresas terem elevado a produ??o pr?pria em suas fazendas nos ?ltimos tempos tamb?m mudou a rela??o de for?as. At? 2006, a Associtrus calculava que as ind?strias vinham plantando cerca de 2 milh?es de p?s por ano no Estado, e de l? para c? a m?dia aumentou.
A Cutrale, por exemplo, tem mais de 40 fazendas espalhadas pelo interior de S?o Paulo; em Iaras, no interior paulista, a Citrosuco tem a maior de suas fazendas, com 10 milh?es de p?s (a maior do mundo). Citrovita e Louis Dreyfus t?m a mesma estrat?gia. Com isso, estima-se que as ind?strias cubram mais de 30% de sua demanda com frutas pr?prias.
Outro ter?o ainda vem dos contratos de longo prazo, muitos dos quais expiram agora, j? que a safra 2008/09 termina "oficialmente" em 31 de janeiro. Margarete Boteon, pesquisadora do Cepea e uma das maiores especialistas do segmento no pa?s, diz que os contratos de longo prazo em vigor variam muito - envolvem desde valores em torno de US$ 3 por caixa at? R$ 14. Mas, segundo ela, o maior problema est? no mercado spot, onde as ind?strias completam suas compras: neste, a caixa n?o passa de R$ 7, apesar da queda da safra estadual. Segundo o Instituto de Economia Agr?cola (IEA) da Secretaria da Agricultura de S?o Paulo, a produ??o de laranja ficou em 360 milh?es em 2008/09, mas, no mercado, poucos acreditam em volume superior a 310 milh?es.
Marco Antonio dos Santos, presidente do Sindicato Rural de Taquaritinga e coordenador da mesa diretora de citricultura da Federa??o da Agricultura do Estado de S?o Paulo (Faesp), est? preocupado com a iminente rodada de renegocia?es dos contratos de longo prazo. "Haver? muitos contratos em aberto e ser? dif?cil manter os valores, que, em muitos casos, j? n?o eram remuneradores". Com insumos ainda caros e o necess?rio combate a doen?as como greening e cancro c?trico, Santos estima os custos acima de R$ 10 por caixa.
Alento mesmo, s? o novo seguro contra greening e cancro que ser? lan?ado na quinta-feira pelo governo paulista, o Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus) e a Porto Seguro. Para os citricultores, ? muito bem-vindo. Mas ? pouco. (FL)
Fonte: Valor Econ?mico
