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O ARES em frente e os agricultores para trás.

26/05/2008

 

Richard Jakubaszko

 

Os agricultores brasileiros, com raras exceções, são profissionais de ação e atitude solitária, ao contrário do que ocorre em outros países, ou em outros setores e atividades.

 

Falta união entre os agricultores, não há espírito associativista. Já analisamos esse comportamento peculiar nas páginas da DBO Agrotecnologia. A desunião torna-se, repetitivamente, sob qualquer ângulo de análise, a principal causa da maioria dos infortúnios que os afligem, de forma coletiva ou isolada, em especial no campo econômico, quando se trata da remuneração do trabalho dos produtores rurais. O fruto de seu trabalho é fixado por agentes intermediários, empresas

processadoras, atacadistas, atravessadores e supermercados. Conseguem obter lucros maiores do que os dos agricultores.

 

Praticamente sem riscos. Já o produtor rural, por trabalhar isoladamente, mesmo com alta competência técnica, corre riscos climáticos, investe em tecnologias, e apesar de obter aumento na produtividade jamais recebe, proporcionalmente,

os dividendos pela conquista. Os ganhos de produtividade dos agricultores beneficiam consumidores e intermediários. É só analisar a involução dos preços da cesta básica nos últimos anos (Ver DBO Agrotecnologia, edição 12).

Ora, o lucro não é pecado e nem proibido. Então, por que o lucro não é conquistado? Por que os agricultores não determinam os preços de seus produtos e serviços? A ?tabela de preços? dos frutos da terra fica a cargo do mercado, que remunera os produtos conforme a disponibilidade dos estoques.

Agricultores de outros países já regulam o mercado no controle da oferta, ou fazem marketing para estabelecer diferencial, e com isso agregam valor. Para regular o mercado precisa haver união entre os produtores, o que permitiria igualar forças entre vendedor e comprador. Só o associativismo permitiria essa conquista.

O EXEMPLO DO ARES

O ARES, Instituto do Agronegócio Responsável, foi lançado em setembro último, em São Paulo, com missão de contribuir

para o desenvolvimento sustentável do agronegócio brasileiro, por meio da geração e difusão de conhecimento e estruturação de canais permanentes de diálogo com o setor público e privado, ONGs, interessados em ?sustentabilidade?. É um exemplo de união que a indústria demonstra ter, apesar de concorrentes entre si, o que não ocorre entre agricultores. É o marketing das indústrias. O presidente do conselho deliberativo do ARES é também presidente da Abag e Abiove, Carlo Lovatelli. Para ele o empresariado sempre foi reativo aos problemas do agronegócio e agora, com a criação do ARES, ?é hora de reagir?. O trabalho inicial do ARES identificou 10 áreas do agronegócio brasileiro com problemas de sustentabilidade, mas três são prioritárias. ?As cadeias produtivas da cana-de-açúcar, carne e soja foram priorizadas porque têm demandas pontuais fortes e sustentam crescimento expressivo nas exportações, mas se tornam alvos de crítica do protecionismo internacional?, comenta Lovatelli.

 

O ARES congrega 19 entidades do agronegócio brasileiro: Abag, AbagRP, Abef, Abia, Abiec, Abimilho, Abiove, Abipecs,

Abrasem, Anda, Andef, Aprosoja, BSC, CNA, CNPC, Ícone, OCB, SRB e Unica.

O ARES vai ?identificar demandas, pontos críticos e conflitos e apresentar soluções. E vai rebater críticas infundadas do

mercado internacional?.

 

A agenda de trabalho do ARES é extensa: questões trabalhistas, segurança alimentar; rastreabilidade; impactos ambientais como OGMs; resíduos em alimentos, sanidade animal; balanço energético; ordenamento fundiário, legislação ambiental, agregação de valor e sustentabilidade.

É preocupante constatar que o ARES é constituído por 19 entidades, das quais apenas 3, a rigor, representam produtores

rurais: Aprosoja, CNA e SRB, e indiretamente a OCB. Deveria incluir mais associações de agricultores. Mas estas não existem, ou não são representativas. O ARES acabará por trazer benefícios ao campo, porém, não tenhamos ilusões, representa indústrias de beneficiamento e de fornecedores de insumos para agricultores, e não de agricultores, como as exceções citadas.

No início de toda associação os objetivos são convergentes, entretanto, aparecerão divergências, dada a diversidade de interesses que congrega. Por exemplo: a moratória acordada entre as indústrias de alimentos, sobre grãos produzidos na chamada Amazônia Legal, é um pacto com data marcada para virar polêmica e um grande problema no médio prazo. Vai fazer desabar preços de grãos produzidos legalmente nessa área. Devemos refletir sobre esse futuro. E os OGMs? É outro exemplo: se a Europa recusar comprar OGMs como ficaria o impasse entre agricultores ? os que plantaram OGMs ? e a indústria de alimentos e exportadores?

 

Ao ARES boas vindas e votos de sucesso em seus amplos objetivos. Aos agricultores nosso alerta: façam como as indústrias, sejam associativistas, busquem a união, a profissionalização, conquistem espaço e lutem pelos seus direitos.

 

Fonte: Revista DBO - www.dboagrotecnologia.com.br


 

Acesse: http://richardjakubaszko.blogspot.com


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