15/05/2010 A Citrosuco, do Grupo Fischer, e Citrovita, do Grupo Votorantim, v?o ocupar a
lideran?a mundial na produ??o de suco de laranja. As duas companhias anunciaram
ontem a cria??o de uma nova empresa formada pelos ativos das duas, com sete
f?bricas, oito terminais e cinco navios, al?m de pomares, no Brasil e no
exterior.
Cada uma das empresas ter? 50% de participa??o na nova
gigante. Juntas, elas chegam ao mercado com um faturamento de R$ 2 bilh?es.
Com a uni?o dos ativos, elas passam a ter 25% do mercado mundial de suco
de laranja e entre 40% e 45% de toda a laranja processada no Pa?s, deixando para
tr?s a Cutrale, que at? agora detinha a lideran?a, com cerca de 35% do total de
frutas adquiridas pela ind?stria nacional.
O mercado estima que, antes
da fus?o, a Citrosuco detinha por volta de 35% do mercado e a Citrovita, na casa
dos 20%. A multinacional Louis Dreyfus tem cerca de 15%.
De acordo com o
acordo entre os controladores, a gest?o ser? equ?nime. Tales Lemos Cubero,
presidente da Citrosuco, ficar? no comando do novo neg?cio. J? M?rio Bavaresco
J?nior, que preside a Citrovita, ocupar? o cargo de diretor-geral. As demais
diretorias ser?o divididas igualmente entre os dois s?cios.
Negocia?es.
H? pelo menos dois anos se comentava no mercado sobre a possibilidade de fus?o
entre as duas companhias. Mas, nos ?ltimos meses, os rumores aumentaram. H? uma
semana, durante o Citrus Dinner, o mais tradicional encontro da citricultura, em
Limeira (SP), s? se falava da poss?vel fus?o, conta um l?der sindical do setor.
Nesta semana, quem tentou falar com Bavaresco e Cubero teve dificuldades. Ambos
estavam em intermin?veis reuni?es acertando os ?ltimos detalhes da fus?o.
Segundo Cubero, as negocia?es come?aram em 2009 e o contrato foi
assinado ontem no escrit?rio da Fischer no Rio de Janeiro. A Fischer/Citrosuco
foi assessorada pelo banco Rothschild e a Votorantim/Citrovita teve assessoria
da McKinsey para estruturar a opera??o.
Os executivos disseram que, por
acordo contratual, n?o podem dar detalhes de como ser? o encontro de contas
entre os ativos das empresas. Mas ? fato que a Citrosuco ? maior que a ex-rival
e est? com uma situa??o de caixa melhor. No ano passado, a Citrovita anunciou um
preju?zo na casa dos R$ 500 milh?es.
A exemplo do que vem acontecendo em
outros setores do agroneg?cio, como o de carnes, a citricultura brasileira
apostou na uni?o para ganhar for?a. "Teremos massa cr?tica para enfrentar a
consolida??o no exterior. Nos Estados Unidos e na Europa, tanto as redes
varejistas quanto as engarrafadoras de suco s?o muito concentradas. Juntas,
podemos negociar melhor e enfrentar a competi??o de outras bebidas", explica
Cubero.
N?o ? de hoje que o suco de laranja vem perdendo espa?o para
outras bebidas no mundo. No primeiro quadrimestre, o consumo de suco de laranja
5,4% nos EUA em rela??o ao ano passado.
Resist?ncia. Antes de tirar a
fus?o do papel, Citrosuco e Citrovita ter?o de aprovar o neg?cio no Conselho
Administrativo de Defesa Econ?mica (Cade) - as empresas t?m 15 dias ?teis para
formalizar a uni?o. At? l?, n?o se fala nem sobre o novo nome da companhia. Al?m
dos aspectos concorrenciais, elas ter?o pela frente a resist?ncia dos produtores
de laranja, que h? tempos se queixam da concentra??o da ind?stria do suco.
Paulo Sader, produtor paulista, diz que a fus?o ser? ruim: "Com o
mercado mundial de suco em queda, as duas empresas poder?o ser quase
autossuficientes na produ??o de frutas, e v?o comprar laranjas de produtores
apenas para complementar."
Presidente da Associa??o Brasileira de
Citricultores (Associtrus), Fl?vio Viegas tamb?m ? contra a fus?o. "H? uma
carteliza??o j? denunciada (ao Cade). A fus?o s? vai piorar a situa??o do
produtor", afirma.
Paula Pacheco - O Estado de S.Paulo
Fonte:
Estad?o
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