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Desafios da Citricultura Brasileira

12/11/2010
Em um grande evento realizado em S?o Paulo, no dia 20/10/2010, pelo Valor Econ?mico com apoio da CitrusBr, foi feito o lan?amento do trabalho O Retrato da Citricultura Brasileira, elaborado pelo Markestrat, cuja equipe, liderada pelo prof. Marcos Fava Neves, tem realizado v?rios trabalhos contratados pela ind?stria processadora de citros.

Este novo trabalho, que se destaca pelo tratamento editorial esmerado, como em trabalhos anteriores apresenta o setor sob a perspectiva da ind?stria e procura fornecer argumentos que a defendam das grav?ssimas acusa?es que pesam sobre ela, algumas das quais j? est?o sob investiga??o h? v?rios anos.

A Associtrus insiste na posi??o de que a carteliza??o, concentra??o e verticaliza??o do setor, que se intensificou a partir do in?cio da d?cada de 90, provocou enormes preju?zos aos trabalhadores, aos citricultores, aos munic?pios citr?colas, ao estado e ao pa?s.

Os autores falam em 230 mil empregos mantidos pelo setor, mas n?o mencionam os 400 mil empregos, que nos trabalhos anteriores eram atribu?dos ao setor. Para onde foram os 170 mil desempregados?

O modelo da citricultura, que era baseado nos pequenos e m?dios produtores residentes nos munic?pios citr?colas, atrav?s dos quais se promovia cria??o e distribui??o de renda e empregos, foi substitu?do por grandes pomares, que pouco ou nada agregam ? economia dos munic?pios em que se instalam. Pelo contr?rio, na maioria dos casos geram ?nus, pois os munic?pios, na ?poca da colheita, s?o obrigados a abrigar e dar assist?ncia aos colhedores de laranja, despejados ?s centenas nessas pequenas cidades que n?o disp?em de infraestrutura adequada para tal demanda.

A expuls?o de cerca de 20 mil citricultores n?o foi decorr?ncia da incompet?ncia, mas sim de plano de concentra??o da produ??o, que, segundo o ent?o presidente da Abecitrus, restringiria o setor da citricultura ?s esmagadoras e aos duzentos citricultores amigos da ind?stria, atrav?s da asfixia econ?mica imposto por contratos leoninos e unilaterais aos quais, em muitos dos casos, o produtor n?o tinha sequer acesso. Eram-lhes impostos pre?os que n?o cobriam sequer uma fra??o do custo de produ??o. Sem renda, os produtores n?o t?m condi?es de sequer manter os seus pomares, que definham e perdem produtividade, quanto mais de renov?-los.

A t?o decantada ?nova tecnologia? que aumentou a produtividade dos novos pomares ? baseada quase que exclusivamente na maior densidade de plantio. Os novos pomares com densidades de plantio que v?o de 400 a 800 plantas por ha, podem chegar a n?veis de produtividade acima de 800 caixas por ha. Os pomares que n?o puderam ser renovados, cuja densidade de plantio ? de 250 plantas por ha, de acordo com as recomenda?es t?cnicas da ?poca, t?m produtividade de cerca de 500 cx/ha, as mesmas duas caixas por planta dos novos pomares.

A renova??o dos pomares implicaria num investimento de R$ 20.000,00 por hectare, al?m de uma reserva financeira para aguardar quatro anos pelo in?cio da produ??o. Por outro lado, era importante para a ind?stria o controle da oferta de laranja, atrav?s da redu??o do n?mero de produtores, para um maior controle do mercado; assim, sem recursos nem incentivos e com d?vidas acumuladas, os citricultores perderam seu patrim?nio e a esperan?a, somando ao preju?zo econ?mico de bilh?es de d?lares, um incomensur?vel dano moral.

Financiados pelos citricultores expulsos do setor, pelo BNDES e por ganhos decorrentes de um sistema peculiar de comercializa??o de sua produ??o atrav?s de suas subsidi?rias no exterior, as ind?strias implantaram seus pomares pr?prios, ampliando seu poder de mercado e sua concentra??o, com o apoio do governo e sem contesta??o por parte dos ?rg?os de defesa da concorr?ncia.

Uma tonelada de suco de laranja concentrado, cujo custo de produ??o supera US$2.000,00 ? embarcada em Santos por um valor que, na m?dia dos ?ltimos cinco anos, ficou abaixo de US$1.200,00, o que demonstra que o resultado econ?mico do setor ? negativo e que os citricultores brasileiros est?o ?subsidiando? o mercado mundial de suco de laranja com seu patrim?nio, uma vez que n?o h? renda.

Outra distor??o do trabalho ? atribuir a queda de demanda registrada em alguns mercados ao pre?o da laranja. O que se verifica, na verdade, ao analisar as informa?es do mercado norte- americano ? que h? registros de queda de demanda no mercado de suco desde 2000. Apesar de os pre?os da laranja apresentarem queda desde o in?cio da d?cada de 90, os pre?os do suco ao consumidor aumentaram continuamente, demonstrando que a concentra??o do setor provocou um aumento de ganhos dos setores mais organizados da cadeia, em detrimento dos consumidores e dos citricultores.

Os eventuais ganhos, decorrentes da concentra??o do setor, n?o foram- e nada indica que ser?o- compartilhados com os consumidores, citricultores, trabalhadores nem com a sociedade; ao contr?rio, t?m sido usados para aumentar o poder de mercado da ind?stria. Fl?vio Viegas

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