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Topa tudo por dinheiro

15/03/2011
Em artigo publicado no Estadão, Ivan Marsiglia comenta o documentário Trabalho Interno, ganhador do Oscar deste ano. Um trecho do artigo chama a atenção pela similaridade da situação no documentário com o que vemos no nosso setor. Segundo ele o documentário é pródigo em personagens que saltam de um lado para outro do balcão, executivos de grandes empresas que assumem órgãos de regulação da atividade econômica, altos funcionários governamentais que pulam alegremente para a iniciativa privada, professores dos maiores centros universitários que descrevem conjunturas econômicas sob encomenda, tudo que temos visto no nosso setor. Se lá o resultado foi uma crise econômica mundial, aqui o resultado é a crise que a citricultura vive nos últimos vinte anos.

Em trabalho recentemente publicado sobre a citricultura, professores de um dos principais centros universitários do país empenham-se em justificar a brutal destruição de cerca de 350 mil ha de pomares, expulsão de quase vinte mil citricultores e a destruição de 170 mil empregos no estado de São Paulo, com o conseqüente empobrecimento dos outrora dinâmicos municípios citrícolas, conforme já comentamos anteriormente.

O que ainda não comentamos, com mais profundidade, é o cenário de queda da demanda de suco de laranja que os cientistas querem impingir para justificar os baixos preços pagos aos citricultores nos últimos anos e para sinalizar que os preços pagos na safra passada representam um ponto fora da curva, pois- segundo os doutores- ?O Fcoj a preço de US$ 700 por tonelada se mostra mais competitivo que todos os sabores. Já a US$ 1500 por tonelada, o FCOJ se torna mais caro que o sabor maçã. A US$ 2000 por tonelada ele perde competitividade também para os sabores pêra, tangerina e uva branca. Já a US$ 2500 por tonelada, além desses, o FCOJ perde competitividade? para os sabores pêssego, grapefruit, lima, uva vermelha e morango... Embora os autores não esclareçam a metodologia adotada para a definição dos preços dos produtos que competem com o suco de laranja e nem se faça nenhum comentário a respeito das diferenças entre os produtos nos aspectos organolépticos e nutricionais, assumindo assim uma concorrência exclusivamente baseada em preço, nota-se a intenção de sinalizar que o preço do FCOJ deveria ficar entre US$ 1500 e US$ 2000 para ser competitivo.

Ao subtrairmos dos preços acima o custo de processamento e logística apontados na tabela 21 do trabalho, o preço da caixa de laranja deveria ficar no intervalo de US$4 a US$6 por caixa, abaixo do custo de produção que supera US$8/cx.

Embora a produtividade média da citricultura paulista só seja superada marginalmente pelas citriculturas irrigadas da Flórida e de Israel, querem fazer crer que precisamos simplesmente duplicar, imediatamente, nossa produtividade para nos manter no negócio. Há outras importantes lacunas- no tão decantado trabalho- que comentaremos proximamente.


Fonte: Flávio Viegas

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