13/06/2011
Walkmar Brasil de Souza Pinto é o mais recente membro do Hall da Fama da Citricultura. O prêmio GCONCI é concedido anualmente pelo Grupo de Consultores em Citrus a um único engenheiro agrônomo escolhido em todo o território nacional

O engenheiro Agrônomo bebedourense, Walkmar Brasil, receberá o prêmio no dia 06 de junho, no Centro APTA Citros Sylvio Moreira/IAC, em Cordeirópolis. Em entrevista ao Jornal Impacto, ele fala sobre os desafios da citricultura.

JI - Como o senhor recebeu a notícia de sua escolha como membro do Hall da Fama da Citricultura?
Walkmar - Realmente foi uma surpresa para mim receber essa notícia, apesar de ter dedicado 37 anos, dos quarenta e um anos de profissão, à citricultura. Mas, de qualquer forma, eu também tenho muitos trabalhos prestados e com vários trabalhos técnico-científicos publicados em revistas especializadas em fruticultura e entomologia e até em congressos internacionais.
Participei do projeto 'Centro Suco' de Goiás, que instalou uma citricultura técnica no Estado em meados da década de 80. Fui chamado pelo hoje deputado federal Dr. Roberto Balestra, na época membro da Federação de Agricultura do Estado de Goiás. Éramos eu, um colega agrônomo de Campinas Dr. Dagoberto, e o Dr, Caetano, também do Instituto Agronômico. Fomos treinar o pessoal para a instalação do projeto. Eram dois milhões de plantas num raio de 200 km de Goiânia, projeto tão bem sucedido que hoje Goiás, praticamente, mantém todo seu mercado com essas frutas e ainda suprem parte do mercado de Brasília.
Tive também a satisfação de participar da implantação do 1º pomar do centro-oeste da Bahia, em Luis Eduardo Magalhães. Um projeto de irrigação por pivô central e posso afirmar que foi o 1º no Brasil e o 2º no mundo, era uma área de plantio de melancias, mas até hoje permanece como produtora de laranja e limão, sendo que esse limão é exportado para Europa. É uma citricultura de 1º mundo, com packing house e com câmera fria, o container sai pronto, uma vez que o limão é exportado e a laranja serve o mercado interno.
Posso dizer que hoje sou Membro da Câmara Setorial de Citricultura em Brasília, pertenci à Comissão Técnica de Citricultura, do Gabinete do Secretário, de 1995 até 2000, e durante esse período fizemos os estudos para a instalação dos "viveiros telados", assim como todas as normas técnicas para produção de mudas em ambiente protegido livre de toda a contaminação de qualquer praga.

JI Alguns afirmam que a citricultura para a região de Bebedouro tornou-se inviável. O que o senhor diz disso?
Walkmar - Discordo plenamente! Muita gente fugiu do norte de São Paulo e até da região noroeste, por causa do amarelinho, e foi para o sul. Acontece que a região norte produz uma das melhores laranjas do mundo em termos de 'Ratio', para os padrões das normas internacionais e o rendimento para a produção de suco aqui é fantástico. Na época, não tínhamos irrigação, mas hoje, segundo o Censo Agropecuário de 2008, Bebedouro é o 3º maior produtor de laranja do Brasil, com 18 mil hectares plantados, só perdemos para Itápolis e Casa Branca, mesmo com a progressão da cana-de-açúcar. A cana foi a salvação do agricultor em função dos baixos preços da laranja, mas a maioria dos grandes e médios agricultores ainda mantém cana e laranja. As coisas têm mudado, hoje o Estado de São Paulo tem, em média, 18% da área citrus irrigada, Bebedouro está chegando perto de 30%.

JI O senhor espera alguma alteração na política do agronegócio paulista, com essa mudança de secretariado no Estado?
Walkmar - Eu não sei se a nova secretária já foi empossada, mas eu espero que ela olhe para a citricultura com muito carinho, afinal ela já é do ramo e sabe que o maior problema hoje é o greening, porque é transmitido por um vetor e é aí que as coisas se complicam. O citricultor terá que se unir no combate a essa praga. O vetor não respeita cerca, portanto se não houver a união de todos será impossível vencer essa luta.




Fonte: Jornal Impacto