11/07/2011
Presidente da Associação Brasileira de Citricultores fala sobre safra de laranja deste ano

A equipe do Caminhos da Roça foi até Bebedouro, interior de São Paulo, visitar a Estação Experimental de Citricultura, um dos principais centros de pesquisas voltadas à cultura da laranja. Além de prestar assistência técnica aos produtores e oferecer material genético de alta qualidade, que é desenvolvido na Estação. E para falar sobre a safra de laranja, a repórter Fernanda Mitzakoff conversou com o presidente da Associação Brasileira de Citricultores (Associtrus), Flávio Viegas.

Fernanda Mitzakoff - A produção foi maior num espaço reduzido, como isso foi possível?

Flávio Viegas - Nós tivemos um ganho de produtividade principalmente graças ao clima e também a melhores práticas culturais que a gente tem, que tem sido aplicadas na citricultura.

Fernanda Mitzakoff - Isso já era esperado?

Flávio Viegas - É, era esperado sim. Na safra anterior tivemos graves problemas climáticos, excesso de chuva no período da florada, depois seca durante a safra. Isso realmente provocou uma grande perda. Agora nós tivemos uma recuperação bastante significativa da produtividade, que resultou nesta safra.

Fernanda Mitzakoff - Os contratos estão sendo fechados em que patamares e isso é bom para o produtor?

Flávio Viegas - Não, lamentavelmente, os preços não estão bons. No ano passado os contratos foram feitos na faixa de R$15,00 e esse ano os preços estão na faixa de R$10,00 contra um custo de produção de R$17,00 por caixa.

Fernanda Mitzakoff - Como fica o produtor nesta situação?

Flávio Viegas - O produtor vai ter grandes problemas para enfrentar essa safra, em função desses baixos preços.

Fernanda Mitzakoff - Este ano os produtores tem uma linha de crédito para estocagem do suco.Isso pode ajudar a melhorar a política de preços?

Flávio Viegas - A estocagem é no sentido de evitar que esse excedente ou o crescimento de produção seja despejado no mercado. Então, sendo retidos, provavelmente os preços do suco no mercado internacional vão se manter nos patamares elevados que vão reverter no futuro para o produtor.

Fernanda Mitzakoff - Como está o comportamento do consumo interno e do consumo externo?

Flávio Viegas - O consumo interno está crescendo significativamente em função do aumento do poder aquisitivo da população de uma forma geral como a gente tem verificado em outras atividades. O mercado externo está com preços bastante altos em função do desequilíbrio entre oferta e demanda. As perspectivas são muito boas para a citricultura, tanto internamente quanto externamente.

Fernanda Mitzakoff - Minas Gerais é o quarto maior produtor de laranja do Brasil e, assim como no estado de São Paulo, houve aumento da produção numa área reduzida. O senhor acha que isso é uma tendência em outros estados do país também?

Flávio Viegas- Eu acho que sim, de uma forma geral, a citricultura está evoluindo. Quer dizer, os novos pomares estão sendo plantados com maior densidade, maior número de árvores por área e isso tem gerado uma maior produção. É uma tendência geral para os novos pomares.

Fernanda Mitzakoff - Este é um bom momento para o produtor continuar investindo em tecnologia?

Flávio Viegas - Eu acho que sim, eu acho que havendo garantia de preços, porque o grande problema da citricultura hoje está nos baixos preços pagos pela caixa de laranja. Havendo uma perspectiva de bons preços eu acho que é hora de investir realmente, porque as perspectivas são muito boas para a citricultura no futuro. Principalmente investir de uma forma organizada, o produtor precisa se associar mais para que ele tenha melhores resultados na sua atividade.