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Entrevista com a Associtrus

19/01/2012
Importante entrevista em prol da citricultura brasileira foi realizada pela TODAFRUTA, a quem agradecemos a especial deferência.

TODAFRUTA: No site da Associtrus, consta que: ?A ASSOCITRUS é a associação que une, defende, representa, orienta e dá suporte técnico e jurídico aos citricultores do Brasil. A ASSOCITRUS faz parte de um expressivo segmento do agronegócio brasileiro ? a citricultura - que, infelizmente, nas últimas décadas, distribui suas riquezas de forma desigual em função da concentração da renda nas mãos do setor industrial.? O TodaFruta pergunta: como ocorreu a concentração de renda nas mãos do setor industrial?

ASSOCITRUS: Nas duas últimas décadas, a partir da venda da Frutesp, houve uma mudança total no modelo de produção até então nas mãos dos pequenos e médios produtores, passando desde então a ser concentrado nos pomares próprios da indústria e de poucos grandes produtores. Isso foi conseguido através da discriminação de preços entre os produtores e imposição de preços da laranja abaixo do custo de produção para os que pretendiam excluir, o que provocou uma enorme transferência de renda dos produtores para a indústria. Esse modelo de produção excluiu cerca de 200 mil empregos, 350 mil ha de citros desses produtores e 20 mil produtores.

TODAFRUTA: No processamento da laranja paulista, existia a FRUTESP. Qual foi sua importância, e quais as causas da sua não existência nos dias de hoje?

ASSOCITRUS: A Frutesp pertencia a uma cooperativa de produtores e assegurava-lhes a participação nos lucros advindos da comercialização do suco e seus subprodutos. A causa da não existência foi exatamente a transferência da maior parte dos lucros aos produtores. Decididas a se apossar integralmente dos lucros, as indústrias atacaram os fornecedores e clientes da Frutesp oferecendo preços e condições insustentáveis, mas atraentes. Fornecedores da Frutesp receberam ofertas superiores a US$ 10 por caixa e clientes foram informados de que as concorrentes dariam descontos, quaisquer que fossem os preços ofertados pela Frutesp.

TODAFRUTA: Consta no site da ASSOCITRUS que: ?não mede esforços para divulgar aos seus associados as últimas informações do setor orientando-lhes quanto ao fechamento de contratos e/ou demais necessidades.?. O TodaFruta pergunta: quais os pontos críticos que o produtor deve prestar atenção no fechamento de um contrato. ASSOCITRUS: Os contratos apresentam vários riscos, todas as cláusulas precisam ser cuidadosamente analisadas por advogados experientes, mas mesmo assim as indústrias têm o poder de impor revisão dos contratos se eles se tornam desinteressantes para elas e impor o cumprimento integral do contrato, caso contrário. Os contratos transformam-se numa forma de ?amarrar? o produtor, pois quando as condições contratuais se tornam muito desvantajosas para o produtor, as empresas concedem pequenas compensações com a condição de que o contrato seja estendido por um ou mais anos, nas condições contratadas. Este ano, por exemplo, alguns produtores que estão presos a contratos de venda a US$ 3 por caixa ou menos, conseguiram que as indústrias pagassem R$10 por caixa, com a condição de estender o contrato por um ano ou mais, sabendo que o custo atual é superior a R$18 por caixa.

TODAFRUTA: Qual é o consumo de laranja per capita no Brasil, e em outros países?

ASSOCITRUS: Como acontece no Brasil, em todos os setores, as estatísticas são muito deficientes e os números pouco confiáveis. Estima-se que o consumo interno seja da ordem de 100 a 150 milhões de caixas.

TODAFRUTA:Como a ASSOCITRUS vê o relacionamento com as universidades e institutos de pesquisas, e quais as sugestões para melhorá-lo?

ASSOCITRUS: A Associtrus tem relações muito boas com as universidades e institutos; seria importante haver mais recursos para que tivéssemos mais pesquisadores tratando do agronegócio em todos os campos, aspectos agronômicos, econômicos, sociais, negociais etc.

TODAFRUTA: Como a ASSOCITRUS vê o mercado de sucos no Brasil e neste contexto como se insere o suco de laranja?

ASSOCITRUS: O Brasil é um grande consumidor de sucos, porém os sucos industrializados sofrem alguma restrição em virtude do preço, disponibilidade, imagem de produto não natural. Se fizermos os cálculos a partir das estimativas de vendas de laranja em São Paulo e sabendo que quase a totalidade da fruta é consumida na forma de suco, o consumo de suco de laranja em São Paulo estaria no nível dos maiores países consumidores de suco.

TODAFRUTA: Uma pergunta que vários internautas nos fizerem e que a condensamos e retransmitimos, ?como produtor, o que eu ganho em associar-me a ASSOCITRUS??.

ASSOCITRUS: ?Em uma cadeia produtiva, os setores menos organizados transferem renda para os setores mais organizados?. Este é o nosso caso; sem organização e sem mobilização estaremos condenados à insignificância, não seremos ouvidos nas nossas instituições, na sociedade, não teremos espaço na mídia e assim ficaremos ainda mais submetidos aos interesses da indústria.

TODAFRUTA: Visitei uma padaria em São Carlos, que estava espremendo para venda aos consumidores, l caminhão de laranja por semana, mas encontrava-se com vários problemas: 1)Como descascar as laranjas?; 2) O que fazer com o bagaço?

Devido ao que tiveram que desativar o processo. O TodaFruta pergunta: quais as recomendações que seriam adequadas para viabilizar o processo?

ASSOCITRUS: Há varias máquinas extratoras de suco que funcionam muito bem e operam inclusive no exterior. O bagaço pode ser utilizado, inclusive na alimentação animal.

TODAFRUTA: Qual o tabela com os custos de produção que poderia ser disponibilizada, como guia aos produtores?

ASSOCITRUS: Vamos divulgar nos próximos dias em nosso site a nova planilha de custos.

TODAFRUTA:Qual a produtividade média dos pomares brasileiros?

ASSOCITRUS: Há uma enorme variação de produtividade. A produtividade média dos pomares de São Paulo está na faixa de 600 caixas por hectare.

TODAFRUTA: Como a ASSOCITRUS vê a ameaça do ?greening? e outras doenças para a fruticultura brasileira?

ASSOCITRUS: O ?greening? é uma enorme ameaça à citricultura brasileira. É preciso manter um dialogo permanente sobre a questão. Na Flórida, uma parte dos citricultores está combatendo o ?greening? e outra, onde os pomares estão mais comprometidos, estão convivendo com a doença e usando estratégias para estender a vida útil do pomar na expectativa de aguardar solução para a doença. Aqui no Brasil este assunto não está sendo adequadamente discutido. Ao contrario da Flórida aqui temos, para a maioria dos produtores, a alternativa da cana para aguardar a solução definitiva para o problema.

TODAFRUTA: Quais as recomendações que a ASSOCITRUS gostaria de transmitir aos citricultores brasileiros?

ASSOCITRUS: Temos a convicção de que o problema do agronegócio brasileiro e em particular da citricultura é a falta de renda e essa perda de renda é decorrente da falta de organização e mobilização, para que os demais elos da cadeia não se apropriem de toda a renda do setor, como tem ocorrido.

O mercado de sucos e em particular o de suco de laranja deverá continuar crescendo, mas se não houver solução para a concentração, cartelização e verticalização do setor industrial, os citricultores terão enormes dificuldades em garantir uma renda compatível com os custos e riscos da atividade.

Fonte: todafruta.com.br

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