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Sete décadas de amor à laranja

16/03/2017

Aos 79 anos Antônio Fortes Filho, o Toninho Fortes, orgulha-se de manter-se na citricultura e de acreditar na força da laranja, principalmente, em Limeira e região.

“2017/2018 serão anos da laranja”. (Antônio Fortes)


Ele tem 79 anos, 70 deles dedicados à laranja. O citricultor Antônio Fortes Filho, natural de Limeira, nasceu em meio à citricultura. Em julho de 1937, mesmo ano de seu nascimento, seus pais, Antônio Fortes e Romilda Zaneti Fortes, deram início à cultura que, até hoje, rende bons frutos graças aos investimentos em adensamento e novas variedades que garantem frutas o ano inteiro. Até hoje ele se mantém à frente do barracão responsável pela negociação de laranja para a indústria e para o mercado interno. Bastante otimista, apesar de admitir que já teve várias decepções ao longo dos anos - ele acredita que, 2017/2018, serão os anos da laranja.

Em entrevista ao Boletim Eletrônico da Associtrus, ele conta um pouco da sua trajetória e das suas expectativas.

Associtrus – Quem é Antônio Fortes Filho, o popular Toninho Fortes?
Toninho –
É um apaixonado pela laranja. Sou filho de Antônio Fortes e Romilda Zaneti Fortes. Nasci em meio ao pomar de laranja já que meus pais deram inicio à cultura em julho de 1937 e eu nasci em 20 de novembro do mesmo ano. Natural de Limeira eu me orgulho de manter a família unida e de me dedicar exclusivamente à citricultura há 70 anos. No meu dia-a-dia conto com a parceria da minha ex-esposa Vanil Batista e da minha esposa Fani Costa Fortes. Tenho cinco filhos - Valdemiro, Antônio Carlos, Nanci, Silvana e Marcia, todos do primeiro casamento – e cinco netos (Mateus, Natali, Vinicius, Leonardo e Marina).

Associtrus – Como é seu dia-a-dia?
Toninho –
Trabalho todos os dias, graças a Deus. Há 60 anos mantenho barracão próprio, responsável pela negociação e distribuição de frutas para a indústria e o mercado interno. Desde o ano 2000 estou sozinho à frente do barracão que, antes desta data, tocava junto com meus irmãos.

Associtrus – Como é a atuação do barracão?
Toninho –
Nós fazemos tudo que diz respeito à laranja. Compra, venda, negociação com as indústrias e o mercado interno e, principalmente, estudamos muito a citricultura. Desde 1970 nossos pomares são adensamentos e temos orgulho de termos desenvolvido, depois de vários estudos e tentativas, três variedades de lima que nos permitem produzir laranja o ano inteiro. Costumo dizer que sou formado na “faculdade da laranja”, afinal são setenta anos dedicados exclusivamente à cultura. Já tive algumas decepções mas, como sou otimista, ainda acredito muito na laranja.

Associtrus – O senhor participou ou participa de associações de classe?
Toninho –
Sempre atuei nos bastidores, porque não gosto de aparecer (risos), sou o Toninho da roça. Mas pra recordar um pouco, digo com saudades que participei da constituição do Fundecitrus a partir da Associtrus. Naquela época, a associação era em São Paulo e a gente precisava que ela intermediasse os repasses de dinheiro para o Fundo que seria responsável pelo combate ao cancro cítrico. Eu atuei no sentido de conseguir mais associados e representatividade para a associação. Recordo que, inclusive, criei um carnê que tinha como incentivo para quem se associasse o sorteio de um carro. Infelizmente, na região de Limeira foi sucesso mas, nas outras regiões, por falta de apoio, o carnê não vingou.

Associtrus – Como o senhor vê o papel das associações?
Toninho –
O papel da associação é defender o produtor, o mercado, a venda do suco, a divulgação dos benefícios da fruta e principalmente, negociar com a indústria. Na minha opinião as associações só conseguirão ter uma maior adesão a partir do momento em que assumirem a negociação da fruta com a indústria. Se a Associtrus, por exemplo, tivesse em mãos 10 milhões de caixas de laranja, ela teria força suficiente para impor preços justos de remuneração e, inclusive, para fazer valer a voz do produtor junto ao governo.

Associtrus - Como o senhor vê o relacionamento dos produtores com as indústrias e quais as principais mudanças ao longo destes anos?
Toninho –
A relação com a indústria sempre foi difícil, mas, antigamente, o produtor tinha maior poder negociação. Infelizmente, por conta da eleição de pessoas erradas para cargos errados, muita coisa mudou pra pior pro lado do produtor. Antes, a Associtrus tinha uma participação direta do que era recolhido dos produtores e repassado ao Fundecitrus mas, com a assinatura de um documento pelo presidente da associação na época, a Associtrus perdeu este dinheiro e, a partir daí, declinou. Hoje, muitos citricultores abandonaram a cultura por não receberem sequer o suficiente para pagar os custos do pomar. Obrigados a abandonarem seus sítios, vieram para as cidades e não plantam sequer o cheiro-verde da própria comida. Lamento.

Associtrus – O senhor acredita em um futuro melhor para a laranja?
Toninho –
Sim. Ainda dá pra recuperar. Precisamos fortalecer as associações para que voltem a funcionar a topo vapor. Consegui sobreviver à crise porque vendo laranja pra todo mundo e sempre investi em melhorias que pudessem me manter competitivo. Aqui em Limeira, entrego as melhores frutas para as lanchonetes e supermercados com o propósito de incentivar o consumo interno, afinal quando a pessoa toma um suco de fruta boa, com certeza, vai querer tomar de novo. Com este trabalho, percebo que o consumo, em Limeira e região, aumentou. É um trabalho de formiguinha, mas procuro fazer a minha parte. Além disso, como desenvolvemos variedades de lima que produzem o ano todo, quando a indústria precisa da fruta, como agora, consigo um preço remunerador.

Associtrus – Quais as expectativas para este ano?
Toninho –
São muito boas, afinal a indústria está sem estoque e precisa cumprir com seus compromissos no mercado externo. A expectativa deste ano é que eles (indústrias) vão pagar bons preços pela caixa posta na fábrica. Agora, por exemplo, eles vão precisar começar a moer, nem que seja o suco azedo. Se Deus quiser e Ele quer, vamos ter a citricultura mais forte do mundo no ano que vem. Se a gente tiver dinheiro, a gente vai sobreviver. 2017/2018 serão anos da citricultura.


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