Leia um trecho da reportagem de capa de ?poca NEG?CIOS. O texto integral pode ser lido na edi??o de dezembro de 2008.

Na ter?a-feira 30 de setembro, uma discreta tens?o perturbava S?o Paulo, maior centro econ?mico da Am?rica Latina. As bolsas despencavam e a cota??o do d?lar subia. Grandes institui?es financeiras americanas, como Lehman Brothers e grupo AIG, estavam ? beira da fal?ncia e o cr?dito minguava mundo afora. Apesar do clima incerto no mundo dos neg?cios, Carlos Erm?rio de Moraes, 52 anos, estampava um sorriso quando surgiu na porta da sala de reuni?es de seu escrit?rio. Tinha passos largos e determinados, pr?prios dos empres?rios na sua posi??o. H? sete anos Carlos preside o conselho de administra??o da Votorantim Participa?es (VPar), a holding que controla o grupo Votorantim. ? o segundo dos nove filhos de Ant?nio Erm?rio de Moraes, um dos mais populares e carism?ticos empres?rios do pa?s. Carlos herdou do pai os tra?os f?sicos, a franqueza e o racioc?nio met?dico. Iniciou a conversa pedindo um roteiro dos temas que seriam tratados para se organizar mentalmente ? e nas duas horas seguintes abordou cada um deles com profundidade. Ao final, mostrou-se esperan?oso com as incertezas da economia. ?Estamos diante de uma crise grave com conseq??ncias imprevis?veis, mas crises v?m e v?o?, disse. ?At? podemos reduzir o ritmo, mas n?o vamos mudar um cent?metro de nossas metas.?

Pouco mais de um m?s ap?s aquele encontro, a crise revelava-se mais profunda ? e o grupo Votorantim estava no seu epicentro. Perdera R$ 2,2 bilh?es em derivativos, fora obrigado a reavaliar mais de R$ 5 bilh?es em investimentos e estaria na imin?ncia de vender uma participa??o no Banco Votorantim, seu bra?o financeiro. O tom de Carlos tornara-se mais grave. ?A atual crise financeira ?, certamente, a mais s?ria pela qual j? passamos, e ela difere das anteriores pela sua origem nos pa?ses desenvolvidos, pela abrang?ncia mundial e pela gravidade e profundidade dos seus efeitos.? Para Carlos e seis outros Erm?rio de Moraes que est?o na VPar, o teste imposto pelo momento tem um valor simb?lico particular ? ? a crise que essa gera??o, a terceira do cl?, enfrenta sozinha no comando dos neg?cios, sem o amparo dos mais velhos.

Maior grupo brasileiro de capital fechado e familiar, a Votorantim acaba de completar 90 anos como um colosso na produ??o e no processamento de mat?rias-primas, que emprega 60 mil funcion?rios. A demanda desses produtos costuma ser um bom term?metro para os rumos da ind?stria nacional. A Votorantim ? o maior produtor de cimento do pa?s, por deter 40% das vendas. Possui a maior f?brica integrada de alum?nio do mundo, a Companhia Brasileira de Alum?nio. Na ?rea de metais, ocupa o posto de terceiro produtor mundial de zinco. No agroneg?cio , a Citrovita ? a terceira maior exportadora global de suco de laranja concentrado e a Votorantim Celulose e Papel (VCP) est? construindo a maior linha para extra??o de celulose do mundo. O grupo possui ainda participa?es acion?rias em 17 outras empresas, como Usiminas e Alunorte, e na holding que controla a distribuidora de energia CPFL, uma das mais e.cientes do pa?s. ?cone do capitalismo nacional, tamb?m se engajou no movimento de internacionaliza??o das empresas brasileiras. Controla ou tem participa??o em f?bricas, minas, sider?rgicas, terminais portu?rios e refinarias de metais em nove pa?ses ? Estados Unidos, Canad?, Argentina, Bol?via, Peru, Col?mbia, B?lgica, Austr?lia e at? na China. Mant?m escrit?rios na Inglaterra, Alemanha, Su??a e Cingapura. Seu faturamento atingiu US$ 15,6 bilh?es no ano passado e o lucro, US$ 2,5 bilh?es. Se fosse uma empresa,em vez de grupo ,a Votorantim s? ficaria atr?s da Petrobr?s e da Vale na lista dos maiores neg?cios do Brasil.

por Alexa Salom?o , foto Beto Riginik

Fonte: ?poca NEG?CIOS