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Cartel da laranja empobrece as cidades

21/03/2010

Cajobi e presidente da Associa??o dos Munic?pios Citricultores do Estado de S?o Paulo Dorival Sandrini, afirmou que ? preciso romper o cerco do cartel formado pelas maiores empresas do setor: Citrovita, Citrosuco, Cutrale e Louis Dreyfus.

Dimensionando o problema, Sandrini citou sua experi?ncia pessoal e a realidade de Cajobi.

?Sou presidente da associa??o faz cinco meses e citricultor h? 40 anos. Antigamente Cajobi era 100% produ??o de citrus e hoje temos 70% da ?rea ocupada pela cana. Al?m disso os produtores est?o endividados e com dificuldades para comercializar a safra?, discursou.

Estiveram em Botucatu os deputados Davi Zaia (PPS) e Mendes Thame (PSDB) que se comprometeram em buscar formas para reduzir a crise dos citricultores endividados no Banco do Brasil.

Mendes Thame afirmou que marcar? na pr?xima semana, um encontro com o Ministro da Agricultura, Reinold Stefanes, para encaminhar as primeiras discuss?es sobre o problema do setor.

Davi Zaia lembrou um documento aprovado em Bebedouro, que pedia ? dire??o do Banco do Brasil, reconhecimento da dimens?o e a import?ncia da citricultura brasileira e que estabele?a mecanismos para renegocia??o das d?vidas.

No per?odo da manh?, o diretor da Faculdade de Ci?ncias Agron?micas (FCA), Edvaldo Vernini, falando sobre a import?ncia da UNESP, com seus cursos relacionados ? agricultura, cobrou respeito ao agroneg?cio do Pa?s.

?Hoje o Brasil est? emprestando para o FMI e financiando constru??o de metr? em Caracas. Esse dinheiro saiu das divisas do agroneg?cio do Brasil. ? preciso respeitar o setor de citricultura brasileiro, que tem parte na boa fase da economia nacional?.

SUCO NA MERENDA

O prefeito de Botucatu Jo?o Cury Neto (PSDB) fez dois an?ncios durante o encontro no Lageado. Primeiro afirmou que Botucatu, nova fronteira da citricultura de S?o Paulo, vai se filiar ? Associa??o dos Munic?pios Citricultores de S?o Paulo.

?Nesse momento ? preciso buscar a uni?o e cabe a n?s de Botucatu e regi?o, que somos a nova fronteira da citricultura, proteger os interesses dos pequenos e m?dios produtores de laranja e por isso vamos nos associar ? entidade presidida pelo prefeito Dorival Sandrini?, declarou.

O segundo an?ncio foi a confirma??o do Secret?rio de Agricultura do Estado, Jo?o Sampaio, que doou ao munic?pio, uma m?quina extratora de laranja, para utiliza??o na merenda escolar.

?Aos poucos Botucatu est? se adequando ? legisla??o que obriga a utiliza??o 30% de hortifrutis diretamente dos produtores da regi?o. Vamos come?ar com o suco de laranja e com o tempo vamos incluindo outras culturas produzidas no Munic?pio?, afirmou. A doa??o da m?quina foi confirmada na ?ltima quarta-feira, 17, quando o prefeito e o Diretor de Agricultura Marcio Campos, estiveram na Secretaria, em S?o Paulo.


Confira os principais trechos da entrevista com Fl?vio Viegas, pesidente da Associtrus:

Qual a import?ncia do evento regional em defesa da citricultura e qual o problema que o setor est? enfrentando na verticaliza??o com os quatro grandes produtores?
Fl?vio Viegas ? Importante ? a uni?o dos citricultores. O principal problema que enfrentamos ? a falta de organiza??o e isso decorre dos demais problemas que vivemos. A verticaliza??o, concentra??o e carteliza??o s?o de certa forma decorr?ncia disso, porque o citricultor no momento oportuno n?o foi capaz de se opor a esse movimento e a concentra??o avan?ou a tal ponto que hoje a dificuldade de reverter esse processo ? enorme, mas de qualquer forma, gra?as ao trabalho da Associtrus estamos avan?ando e fazendo com que esse cartel seja investigado. Provavelmente depois de quase 10 anos de investiga??o, chegando a um ponto final, onde esperamos que esse cartel seja punido e desmantelado. A? sim vamos come?ar uma nova fase na citricultura paulista.

Se percebe que a articula??o pol?tica desse grupo ? muito grande. Qual ? a articula??o que a entidade e os produtores t?m?
Fl?vio Viegas ? A articula??o estamos conseguindo atrav?s dos tempos. Realmente a assimetria de for?as ? brutal, o poder econ?mico da ind?stria ? muitas vezes superior. De outro lado temos a verdade, com argumentos e documentos fort?ssimos cada vez mais refor?ados, que nos d?o seguran?a de que esse cartel, apesar de todo o poder econ?mico e pol?tico, vai ser de certa forma controlado e erradicado.

Qual o futuro da citricultura nesse cen?rio. Em Botucatu, por exemplo, das quatro grandes monopolistas, tr?s atuam na regi?o. O que sobra ao produtor?
Fl?vio Viegas ? Olha, o mercado de laranja e a citricultura n?o vai acabar, pelo contr?rio vai crescer. O investimento que a Coca-Cola a Pepsi-Cola est?o fazendo no setor de sucos ? um neg?cio fant?stico e todas essas empresasmonopolistas s?o todas ligadas a esses dois grupos e outras grandes que comercializam o suco l? na ponta. O problema ? a elimina??o que eles (os monopolistas) est?o fazendo ao pequeno e m?dio produtor. Isso ? um projeto que estava no in?cio do cartel em 1994, foi reafirmado em meados de 2000, em artigo da Abecitrus, dizendo que n?o havia mais espa?o para o pequeno e m?dio produtor. Eu acho que ? nesse cen?rio que surge a necessidade de nos unirmos tamb?m com as for?as pol?ticas, para evitar o desastre da desestrutura??o da economia dos munic?pios citr?colas. Esses grandes produtores n?o residem no munic?pio, como por exemplo aqui em Botucatu, n?o residem em Bebedouro. Eles v?o transformar as nossas cidades em grandes dormit?rios de b?ias-frias. Enquanto que as cidades, com pequenos e m?dios citricultores, os trabalhadores moravam nas cidades, demandando bons servi?os de educa??o, sa?de e com isso voc? tinha o crescimento das economias e hoje, as economias dessas cidades est?o se deteriorando em fun??o da excessiva concentra??o do setor nas grandes ind?strias, que por sinal est? em curso ainda mais concentrado, pois est? em curso a absor??o ou a uni?o da Citrosuco com a Citrovita e ent?o teremos apenas tr?s grandes grupos operando no setor.

S?o tr?s grupos nacionais e um Franc?s muito forte, l?der mundial de commodities. Se percebe que no mercado internacional esse setor est? ganhando for?a, dado o avan?o da fome no mundo e o valor dessas empresas que produzem alimentos ganham mais mercado. Nesse cen?rio aumenta a import?ncia de se buscar formas de defender o pequeno produtor, para que ele participe desse mercado?
Fl?vio Viegas ? Exatamente. O grande problema com a grande concentra??o ? que estamos importando mis?ria, ou seja, estamos exportando com pre?os abaixo do custo de produ??o. Estamos transferindo patrim?nio a pre?o vil e com isso empobrecendo o produtor, com o endividamento do citricultor beirando R$ 1 bilh?o. As ind?strias continuam transferindo o suco abaixo do custo para o exterior, acumulando recursos l? fora e posteriormente esses recursos s?o reciclados atrav?s da compra de terras, aumentando a verticaliza??o, isso precisa ser eliminado. A nossa estimativa ? de que existe uma diferen?a de US$ 660 milh?es na m?dia dos ?ltimos anos, entre a diferen?a de registro do suco em Santos e o pre?o do suco comercializado a granel na Europa. S?o ind?cios de que est? havendo transfer?ncia de recursos que est?o sendo acumulados nas off-shores, no exterior.

Esse seguro ao citricultor ? um bom caminho aos produtores de citrus?
Fl?vio Viegas ? N?o tenha duvida. A agricultura no Brasil n?o tem nenhuma prote??o, ou seja, o produtor assume todos os riscos. Tendo um seguro subsidiado para essas duas grandes doen?as (amarelinho e greening) j? v?m a ser um grande avan?o, embora tarde, mas ? um grande avan?o, pois sempre ? tempo para buscarmos uma solu??o para a citricultura.
[entelinhas, com Diario da Serra]


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